Comece cedo a se prevenir dos efeitos da idade

24 de março de 2017
iStock

Cada vez mais pessoas iniciam tratamentos cosmecêuticos de manutenção antes que esse processo de envelhecimento se manifeste (iStock)

Um corpo que envelhece é como uma máquina que passa pelo mesmo processo: não quebra de um dia para o outro, mas se desgasta gradualmente. Isso vem levando cada vez mais pessoas a iniciar tratamentos cosmecêuticos de manutenção antes que esse processo de envelhecimento se manifeste.

Os enfoques do tratamento para o envelhecimento, com ênfase no rosto, foram analisados em 5 de março durante o evento Aging Gracefully, em Orlando, Flórida. Nove palestrantes abordaram os tratamentos preventivos e antienvelhecimento em pessoas mais jovens, as reações dos diferentes tipos de pele ao processo de envelhecimento e os tratamentos para pacientes mais maduros, além de fazerem comparações entre homens e mulheres.

Um plano para prevenção deve avaliar o estilo de vida e as características da pele da paciente

“Não há muita informação disponível que nos indique quando é apropriado começar a tratar esses pacientes. Nós geralmente iniciamos o tratamento quando eles já estão notando as linhas, as rugas e as dobras”, disse a Dra. Sabrina Fabi, uma das palestrantes. “Mas, na verdade, nós usamos a fisiopatologia do envelhecimento como um plano para começar a realizar esses procedimentos mais cedo.”

O processo de envelhecimento começa aos 25 anos; aos 35, os ossos apresentam reduções significativas de ósteons e osteócitos, o que leva a uma diminuição do apoio dos músculos, explicou a especialista, professora clínica adjunta voluntária da Universidade da Califórnia em San Diego.

Esse início precoce do tratamento pode partir do uso de neuromoduladores e de uma avaliação anatômica individualizada, disse a Dra. Shannon Humphrey, professora clínica adjunta de dermatologia da University of British Columbia.

LEIA MAIS: Estudo indica tratamento eficaz para calvície, dermatite atópica e vitiligo

Ela analisou um estudo feito com a toxina botulínica tipo A e concluiu que esse é o “padrão ouro no tratamento temporário para a redução dinâmica de rugas”. A toxina faz uma regulação ascendente do colágeno, aumenta a maleabilidade e a retração elástica da pele, previne rugas acentuadas e melhora a qualidade da pele.

A Dra. Qian Zheng, profissional da L’Oreal Research & Innovation, também analisou os dados dos tratamentos antienvelhecimento, inclusive de cosméticos que melhoram a textura e protegem a pele, reparam os danos e de filtros solares. Segundo a especialista, os estudos demonstraram a eficácia dos ingredientes usados nos produtos cosmecêuticos. O ácido hialurônico, por exemplo, melhora a qualidade das fibras elásticas e a arquitetura do colágeno, enquanto o retinol (vitamina A) reduz rugas e proporciona maior densidade à derme, com a homogeneização da cor. Já o LR2412, um derivado do ácido jasmônico, promove uma melhoria substancial das rugas, da textura da pele e dos poros. E o ácido ascórbico (vitamina C) oferece proteção significativa contra os danos solares e reduz as células queimadas pelo sol.

No entanto, é importante observar que o veículo e a embalagem do cosmecêutico determinam, em última análise, a eficácia desses ingredientes ativos.

VEJA TAMBÉM: Salário injusto faz mal ao coração, aponta pesquisa alemã

Filtros solares com proteção alta e de amplo espectro contra os raios UVA podem ajudar a evitar lesões hiperpigmentadas, o escurecimento geral da pele e a coloração irregular, segundo a Dra. Zheng.

Outra profissional da área, a Dra. Sabine Zenker, dermatologista em Munique, na Alemanha, avaliou alternativas mais novas aos injetáveis e aparelhos comuns de rejuvenescimento facial, como suturas de lifting absorvíveis e lipólise por injeção. As primeiras são usadas para criar zonas de tração, a fim de suspender e reposicionar o tecido, normalmente no terço médio da face, no contorno da mandíbula e nas sobrancelhas. Na lipólise por injeção, misturas de medicamentos são usadas para reduzir as bolsas de gordura localizadas. Entre os compostos utilizados estão a polienilfosfatidilcolina e o ácido deoxicólico.

iStock

Para a Dra. Heidi A. Waldorf, o plano deve ser transformar o visual geral do paciente em uma versão mais jovem de si mesmo (iStock)

Por mais relevantes que sejam, esses tratamentos devem ser usados como componentes de um plano, afirmou a Dra. Heidi A. Waldorf, professora clínica adjunta do Hospital Mount Sinai e dermatologista em Nanuet, estado de Nova York. Uma parte importante desse plano é não mudar o visual geral do paciente, mas transformá-lo em uma versão mais jovem de si mesmo.

O plano começa pela avaliação de questões de estilo de vida – se o paciente fuma, por exemplo, ou se existe muita oscilação de peso, disse a Dra. Waldorf. Também há que se priorizar as características da pele: cor, textura, tônus/ flacidez/redundância e volume/ proporção.

Quando um plano é desenvolvido, o dermatologista deve definir quais procedimentos serão usados, o custo e o tempo envolvido. Por fim, tudo deve ser documentado, incluindo fotos e uma discussão.

O Dr. Andrew F. Alexis, que é mestre em saúde pública e professor adjunto de dermatologia da Faculdade de Medicina Icahn, no Hospital Mount Sinai, ressaltou a importância de levar em conta o papel da etnia na pele que envelhece. Discromia, irregularidades na textura, neoplasias benignas, mudanças estruturais, linhas finas e rugas podem variar conforme o tipo de pele, e isso pode afetar as opções de tratamento.

SAIBA TAMBÉM: Novo estudo mostra os perigos de passar muito tempo sentado

A pele negra, por exemplo, tem mais melanina, o que propicia proteção contra a luz ultravioleta, mas a despigmentação pode ser uma complicação após procedimentos cosméticos, segundo ele. Além disso, quem tem pele escura tem 15 vezes mais probabilidade de formar queloides do que quem tem a pele clara.

A Dra. Susan H. Weinkle, professora clínica afiliada de dermatologia na Universidade do Sul da Flórida, enfocou o tratamento de pacientes idosos que já apresentam rugas significativas e tiveram cânceres de pele por exposição aos raios UV.

Muitas pacientes mulheres gostariam que sua pele tivesse visual e sensação de nova e aparência cerca de 13 anos mais jovem do que sua idade real, comentou ela. Elas também preferem tratamento com injetáveis dérmicos à cirurgia.

As demandas desses pacientes variam a cada década de vida, de modo que os tratamentos precisam ser ajustados a cada idade e estilo de rosto, disse a Dra. Weinkle. Os pacientes em processo de envelhecimento também podem precisar de tratamentos em outras regiões além do rosto e do pescoço, como as mãos.

E TAMBÉM: Novo estudo indica que caminhar durante o trabalho melhora a produtividade

Embora grande parte do foco tenha sido no tratamento de mulheres, o Dr. Terrence Keaney, professor clínico adjunto de dermatologia da Universidade George Washington, deu ênfase aos homens, que envelhecem mais rapidamente do que as mulheres. Eles se preocupam mais com o contorno do couro cabeludo, os olhos e o contorno da mandíbula, contou o médico, acrescentando que os homens necessitam de uma abordagem específica para seu gênero, diferente da aplicada às pacientes mulheres.

O Dr. Michael H. Gold, do Centro Gold de Cuidados com a Pele de Nashville, Tennessee, abordou o futuro dos tratamentos cosméticos. Ele falou da luz intensa pulsada, um tratamento minimamente invasivo cuja eficácia foi documentada no tratamento de lesões vasculares e lesões pigmentadas.

Outras tecnologias que se mostraram efetivas, explicou ele, são os dispositivos fracionários ablativos e não ablativos, dispositivos de indução percutânea por microagulhas e lasers de picossegundos, além de radiofrequência e ultrassom para enrijecimento da pele.

(Com reportagem da AAD)