LEIA MAIS: Abilio Diniz: “O Brasil não pode parar”
Refiro-me à inexorável necessidade da reforma da Previdência e da não menos importante atualização tributária, ambas empecilhos maiores ao voo deste país “condenado” ao progresso mas sempre voando como uma galinha de pés amarrados.
Se o desaparecimento do imposto sindical e a modernização do conteúdo do livro santo das esquerdas brasileiras – a CLT de Mussolini – formam uma base mais saudável para gerar empregos e fazer desaparecer pelegos, os empréstimos subsidiados continuam sendo um fator de desequilíbrio econômico e social, com valores a superar até mesmo o orçamento do Bolsa-Família, criando uma casta de empresários que enriqueceram à custa de propina e de “presentes”.
A atividade empresarial patina, acorrentada a uma estrutura de punição ao capital e de distribuição de benessesUma vez limpa a agenda doméstica, e com o cacife financeiro melhorando, o Brasil tem de se inserir novamente
no panorama político e econômico global. Peso pesado – e entre os sete maiores do mundo –, hoje temos uma imagem aviltada e desgastada não pela Lava Jato, mas pela corrupção que a tornou famosa. Tornamo-nos os campeões mundiais da propina, cujo know-how espalhamos por pelo menos 15 países das Américas, da Europa, Ásia e África (talvez tenham se salvado apenas a Antártida e o Polo Norte).
Verdadeiras multinacionais da gorjeta hoje deixam um laivo amargo em nossa boca. Ao citarmos o Brasil a algum estrangeiro, o interlocutor abre um sorriso: “Ah, o país da propina!”
Nossa firme atitude contrasta com os diligentes e ativos próceres políticos que aqui tentaram ludibriar a democracia e a boa-fé brasileiras impondo soluções norte-coreanas a nosso povo. A manipulação não vingou, e a população voltou a se manifestar pelas cores da bandeira verde e amarela.
VEJA TAMBÉM: 7 coisas que o patrimônio dos 170 bilionários brasileiros pode comprar
Não precisamos de blocos comerciais, mas sim de acordos comerciais diretos, de país a país, para chegarmos logo a um comércio exterior de US$ 800 bilhões, digno da dimensão de um país de US$ 3 trilhões de PIB, como classificou a consultoria Price Waterhouse, colocando-nos como sétima economia mundial. Que a lição popular seja a senha para nossa reinserção mundial.
Hoje somos adultos na ciência e na tecnologia das mais diversas áreas: na medicina, na agricultora, na indústria aeronáutica, nos biocombustíveis, na mineração, na pecuária. Um arco de conhecimento humano, enfim, de alto valor agregado.
As bases aí estão para nosso desenvolvimento sustentável e de alto nível, sem mais lugar para o populismo inconsequente que nos fez regredir tanto em tão poucos anos.
*Mario Garnero é chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas