Bill Gates doa US$ 100 mi para pesquisas de Alzheimer

14 de novembro de 2017
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Gates prometeu investir ele mesmo, e não por meio da Bill & Melinda Gates Foundation. (Getty Images)

“O time de luta contra o Alzheimer será como uma equipe esportiva. Temos agora nosso novo quarterback.” A comemoração veio de George Vradenburg, presidente e membro do conselho fundador da UsAgainstAlzheimer’s Network, sobre a decisão de Bill Gates de doar US$ 100 milhões para ajudar a erradicar a doença até 2020.

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“Considero a entrada de Gates nesse jogo e sua decisão de destacar a importância dessa causa ao mundo será um ‘game changer’”, disse Vradenburg. “Vejo que ele seguirá com investimentos adicionais e vai planejar uma estratégia muito mais consistente. Este foi apenas o primeiro passo.”

Vradenburg não foi o único a reconhecer os esforços do bilionário cofundador da Microsoft. Tim Armour, presidente e CEO do Cure Alzheimer’s Fund, disse que obter financiamento sempre foi o maior obstáculo para erradicar a doença. “Sabemos que o Alzheimer tem um impacto devastador, não apenas nos EUA, mas no mundo todo. No entanto, o investimento para pesquisas sobre a doença está muito atrás dos outros 10 principais males. Bill Gates e suas contribuições financeiras irão ajudar a elevar a consciência sobre a doença e farão uma diferença real”, disse Armour.

Em declarações e entrevistas, Gates sempre reforça a importância das pesquisas mantidas pelo Cure Alzheimer’s Fund, que, com mais investimentos, devem trazer resultados promissores ao mercado.

A organização sem fins lucrativos foi fundada em 2004 para ajudar a promover pesquisas para prevenir, desacelerar ou reverter o mal de Alzheimer. Desde sua criação, já contribuiu com mais de US$ 55 milhões e financiou iniciativas que foram responsáveis por muitos avanços-chave, entre eles, o pioneiro “Alzheimer’s in a Dish”, da Universidade Harvard. Neste estudo, cientistas especializados em células-tronco converteram com sucesso células da pele de pacientes com Alzheimer em estágio inicial nos tipos de neurônios afetados pela doença, o que tornou possível estudar pela primeira vez o Alzheimer em células humanas vivas. “Com 100% dos fundos levantados destinados diretamente para pesquisas, o Cure Alzheimer’s Fund foi capaz de apoiar algumas das melhores mentes científicas no campo da pesquisa de Alzheimer”, disse Armour.

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Agora, um dos homens mais ricos do mundo entra na luta pessoalmente. Gates prometeu investir ele mesmo, e não por meio da Bill & Melinda Gates Foundation, cerca de US$ 50 milhões no Dementia Discovery Fund, um fundo de capital de risco que une a indústria e o governo para buscar tratamentos para a doença. O bilionário disse ainda que colocará outros US$ 50 milhões em startups “menos comuns” que trabalham na pesquisa de Alzheimer, sem detalhar os nomes dessas empresas.

“O Alzheimer é um grande problema, um problema crescente, e a escala da tragédia, até mesmo para pessoas que permanecem vivas, é muito alta”, disse o bilionário, em entrevista a Reuters.

“Uma epidemia mundial de Alzheimer é iminente, com a crise tanto na saúde quanto na economia, e precisamos de todos os jogadores para evitar isso. Não consigo pensar em ninguém melhor do que o Bill Gates”, disse Vradenburg.

Gates afirma que hesita em estimar quando uma cura deve ser encontrada ou um remédio eficiente deve ser desenvolvido, apesar de esperar grandes desenvolvimentos ao longo da próxima década. “Espero que nos próximos dez anos já existam remédios poderosos, mas é possível que isso não seja alcançado.”

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Segundo a Reuters, o bilionário diz que gostaria de ganhar uma concessão para construir uma plataforma de dados global de demência. “Isso tornaria mais fácil para os pesquisadores procurar padrões e identificar novos caminhos para tratamento.”

Por meio de seu blog pessoal, Gates escreveu sobre as razões de se envolver na cura do Alzheimer. “Em todas as partes do mundo, as pessoas hoje vivem mais do que costumavam viver. Graças a avanços científicos, menos pessoas morrem jovens de doenças cardíacas, câncer e males infecciosos. Não é mais raro que uma pessoa viva bem ao longo de seus 80 anos e além. Meu pai irá celebrar seu 92º aniversário em algumas semanas, um marco que era praticamente inimaginável quando ele nasceu. Viver mais do que antes deveria ser sempre algo ótimo, mas o que acontece quando não é? Quanto mais você vive, há mais chances de desenvolver uma condição crônica. O seu risco de desenvolver artrite, Parkinson ou outra doença não-infecciosa que diminua a sua qualidade de vida aumenta a cada ano. Mas, entre todas as doenças que nos atormentam na idade avançada, uma se destaca como ameaça particularmente grande à sociedade: o mal de Alzheimer.”

Gates diz que as pessoas que vivem além dos 80 anos têm 50% de chance de desenvolver a doença. E afirma que se interessou pelo Alzheimer “por conta de seus custos, tanto emocionais quanto econômicos, a famílias e a sistemas de saúde”, já que uma pessoa com Alzheimer ou outra forma de demência gasta cinco vezes mais a cada ano em saúde do que um idoso sem uma condição neurodegenerativa.

“Precisamos entender melhor como o Alzheimer se desdobra. Se quisermos fazer progresso, precisamos de uma melhor compreensão de suas causas estruturais e de sua biologia, o que inclui por que negros e latinos têm mais chances de terem a doença. Precisamos também detectar e diagnosticar o Alzheimer mais cedo. Testes mais confiáveis e acessíveis precisam tornar mais fácil observar como a doença progride e monitorar quão eficientes os remédios são. Precisamos ainda utilizar os dados melhor. Dados produzidos por empresas farmacêuticas e laboratórios de pesquisa deveriam ser compilados em um formulário comum para que nós tenhamos uma visão melhor de como a doença progride, como essa progressão é determinada por gênero e idade e como a genética determina a sua probabilidade de ter Alzheimer. Isso tornaria mais fácil para os pesquisadores procurar padrões e identificar novos caminhos de tratamento”, completou.

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