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Como mulher e CEO, Marcela Sapone, cofundadora da Hello Alfred, plataforma de serviços para casa, não pode se dar ao luxo de dizer isso. Segundo a empreendedora, é por isso que costuma recusar convites para participar de conferências exclusivamente femininas ou isolar o gênero em conversas sobre liderança e excelência nos negócios. “Isso apenas perpetua o problema”, acredita.
Apesar de as mulheres terem ganhado mais de 57% dos diplomas de graduação em todos os campos em 2013 – incluindo mais da metade daqueles concedidos em ciências biológicas -, apenas 6,7% delas se formam em temas relacionados à ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Já no caso dos homens, são 17%. Como resultado, menos de um terço (28%) da força de trabalho nesses campos é composto de mulheres, o que torna o caminho para a liderança ainda mais difícil.
No que diz respeito a liderança corporativa, a proporção é ainda mais desequilibrada. O número de mulheres CEOs nas 500 maiores empresas eleitas pela revista “Fortune” aumentou em mais de 50% ao longo do último ano, mas apenas de 21 para 32 – o que representa 6,4% dos CEOs da lista. Além disso, as mulheres ainda são escassas nos quadros corporativos, representando apenas 15% das posições nas mais de 4.200 empresas pesquisadas em 2015.
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Então, o que ainda impede as mulheres de ascender? Muito. Desde poucas delas se candidatando a empregos nas áreas já mencionadas até pouquíssimas sendo contratadas, passando por uma falta de mulheres pleiteando empregos com cargos de liderança. Faltam, também, exemplos femininos para pavimentar o caminho.
Esses são impedimentos estruturais que as mulheres estão abordando ao longo do tempo. Mas há um obstáculo persistente que elas podem e devem tirar de seus caminhos imediatamente – as outras mulheres.
Estudos já mostraram que as mulheres tendem a ficar no caminho do avanço da carreira de outras mulheres. Em sua pesquisa sobre “token females” (uma mulher sozinha em um “grupo de trabalho de alto prestígio”), Michelle Duguid, da Olin Business School da Universidade de Washington, descobriu que tais mulheres frequentemente veem as outras como uma ameaça competitiva ao seu próprio status e, assim, bloqueiam sua entrada no grupo. Um artigo recente na revista “The Atlantic” chamado “Why Do Women Bully Each Other At Work?” (“Por que as mulheres diminuem umas às outras no trabalho”, em tradução livre), cita estudos e histórias da experiência própria da autora sobre essa dinâmica: “Quando parecem haver poucas oportunidades para as mulheres, as próprias mulheres começam a ver seu gênero como um impedimento. Elas evitam juntar forças e, às vezes, viram-se umas contra as outras”.
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As mulheres foram imersas nessa narrativa de gênero desde crianças – aprenderam que roupas deveriam usar, com quais brinquedos brincar e quais comportamentos eram mais apropriados para meninos e quais eram mais adequados às meninas. Mas essa tendência aprendida entre mulheres de julgar duramente e definir padrões impossivelmente altos faz do ambiente de trabalho uma competição entre inimigas. As mulheres devem, sim, estabelecer critérios altos uma para as outras – mas competição não significa que apenas uma pode alcançar esses critérios de uma vez.
Marcela destaca que, no mundo das startups no qual vive, há muitas cofundadoras mulheres e equipes predominantemente femininas. E dados mostram que as mulheres têm mais tendência a serem bem-sucedidas graças a seu espírito colaborativo. “Na Hello Alfred, eu e minha cofundadora, Jess Beck, trabalhamos todos os dias para provar que isso é verdade”, conta. “Jess é meu complemento profissional. Ela amplifica minhas forças e mitiga minhas fraquezas, assim como eu faço com ela. É uma amiga que, na mesma jornada que eu, fica tão feliz com meus sucessos quanto fica com seus próprios. Nós estamos competindo para vencer juntas”, explica.
Veja, na galeria de fotos, 5 passos levantados por Marcela Sapone para competir lado a lado com outras mulheres:
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