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A depressão é uma doença complexa, mas, ao longo do tempo, é possível reduzir muitas das suas estruturas subjacentes. Uma delas é a memória. A outra é a crença. Das duas, a crença é menos dinâmica, tendendo a se fixar ao longo do tempo com poucas possibilidades de mudança. Como a depressão de uma pessoa depende de suas crenças, a incapacidade de mudar sua percepção torna o transtorno mais difícil de tratar.
Antes de tomarem a primeira dose da droga, os pacientes tiveram que participar de uma avaliação respondendo a uma série de questões relacionadas a crenças. As perguntas abordaram de tudo, de preferências de viagens de férias a difíceis questões políticas e sociais. As mesmas perguntas foram feitas novamente duas vezes, sete e 12 meses depois do tratamento, e as respostas comparadas.
O que se observou foi que o tratamento com o psicoativo foi associado a mudanças significativas nas respostas. Para a série de questões relacionadas à natureza, os pesquisadores relataram que os voluntários demonstraram um comportamento mais “conectado ao meio ambiente”. Já nas questões políticas e sociais, eles notaram uma mudança em direção a uma mentalidade mais libertária, até mesmo aqueles que, originalmente, responderam com posicionamento autoritário. Um grupo de sete participantes de controle, que não receberam a droga, não demonstraram mudança ao longo do mesmo período.
“Houve um efeito significativo em ambas as medidas que se manteve por cerca de um ano”, contou Taylor Lyons, pesquisador PhD e primeiro autor do estudo.
Se essas mudanças de crença são algo positivo é algo que ainda não dá para dizer, mas esse não era o intuito do estudo. Na verdade, o fato de os pensamentos terem mudado é notável e sugere que, talvez, a psilocibina seja capaz de trazer resultados em pessoas resistentes aos tratamentos convencionais, uma vez que permite que elas se desliguem de certas crenças que ancoraram sua depressão.
“Crenças e atitudes, geralmente, são mantidas por um longo tempo e não mudam durante a vida. As pessoas não costumam mudar de um lado para o outro, elas tendem a ser consistentes. Os participantes só tomaram a substância duas vezes, e essa mudança ocorreu rapidamente”, explica Lyons.
Esse foi um estudo reduzido e os resultados ainda não são conclusivos, embora sejam muito intrigantes. No momento, não é possível isolar todos os fatores que podem ter contribuído para a mudança das crenças, mas o fato de elas terem mudado (e terem permanecido alteradas) depois do medicamento, sugere que o efeito não é coincidência. Os estudiosos podem muito bem ter encontrado uma dinâmica que ajuda a explicar por que os psicodélicos estão avançando em casos de depressão que tratamentos tradicionais, incluindo terapia e medicamentos antidepressivos padrões, não conseguiram influenciar.
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