“Políticos sempre mentem.” Essa máxima faz parte de nossas opiniões políticas há muitos anos. Uma pesquisa da Pew Research perguntou aos norte-americanos se eles confiam em seus representantes eleitos. Os resultados mostraram uma queda de confiança de 77% em 1964 para 18% em 2017. A desconfiança quanto aos líderes é agravada por uma avalanche de campanhas de desinformação travadas dentro e fora do país, bem como ataques à imprensa livre.
VEJA TAMBÉM: Os políticos e as mentiras: insights de um especialista – Parte 1
“Os acontecimentos dos últimos tempos são minas de ouro para mim”, diz Ekman. “Eu gostaria que não fosse. Gostaria que houvesse mais confiança. Acho que a democracia corre perigo quando uma grande parte da população não confia mais nos políticos. Isso torna o processo democrático muito vulnerável”, diz.
O que exatamente é uma mentira?
A arte e a ciência de detectar e lidar com mentiras começa com um consenso sobre o que conta como tal e quando elas são aceitáveis (desejáveis até) e quando não são.
“Mentiras brancas, como eu as defino, são aquelas que, se descobertas, não causarão ofensa. Serão compreensíveis. E são polidas”, explica Ekman. O especialista acrescenta: “Na verdade, nem gosto de chamar isso de mentira porque a maioria destas inverdades são inocentes. Elas são socialmente exigidas. Esperamos que elas sejam contadas e que nenhum dano seja feito se forem descobertas”.
Promessas imprudentes:
“Quando um líder político se contradiz explicitamente há, geralmente, logo uma explicação sobre as circunstâncias que o forçaram a mudar de posição”, diz Ekman. “George W. Bush implementou uma plataforma sem novos impostos, mas depois aumentou as taxas. Entretanto, o ex-presidente foi muito claro ao explicar por que as circunstâncias o obrigaram a voltar atrás em sua promessa. Quando ele disse que não haveria novos impostos, ele estava mentindo? Não. Na minha opinião, ele fez uma promessa insensata. Ele quebrou a promessa, mas reconheceu que a estava quebrando.”
Transparência
“Transparência é importante, mas nem sempre é possível. Particularmente ao lidar com nações nas quais exista uma relação competitiva ou adversária”, diz Ekman. “Nós aceitamos o fato de que nossos líderes nem sempre nos dizem a verdade. E, ao confiarmos em um deles, acreditamos que ele possa mentir, mas por uma necessidade política.” Onde quer que a transparência seja possível sem comprometer a nação, ela é arriscada para o político, mas benéfica para a república. “Ao lidar com seus oponentes cotidianos, a transparência é arriscada, mas extremamente desejável.”
O especialista cita ainda Nixon, que renunciou quando enfrentou o impeachment por suas mentiras egoístas. “O que derrubou Richard Nixon não foi o fato de ele não ser confiável, mas sua falta de confiança não estava servindo a nenhum propósito nacional. Estava servindo a um propósito pessoal e político próprio.”