Edu Lyra hipnotiza o PIB e arrecada R$ 2,4 milhões

13 de dezembro de 2018

Edu Lyra no auge de seu discurso: "O próximo Bill Gates vai vir da favela"

Andressa Silva/Divulgação

Edu Lyra no auge de seu discurso: “O próximo Bill Gates vai vir da favela”

Hipnotizante. Sim, a palavra é essa. Define a performance de Edu Lyra na noite de ontem, ao falar diante de uma plateia de 660 convidados que continha alguns dos mais poderosos empresários do país, artistas e integrantes de famílias cujos sobrenomes há gerações estampam o noticiário ou viram nome de rua. Em suma, o PIB nacional. Tinha Lemann, Matarazzo, Birman, Diniz… Todos acompanhando enfeitiçados o discurso do empreendedor social, criador do Instituto Gerando Falcões. O jantar buscava recursos para expandir seu projeto de transformação da vida de jovens que, como ele, cresceram nas favelas do país. E o dinheiro veio, sim: ao todo, foram R$ 2,4 milhões arrecadados — quase o triplo dos R$ 865 mil levantados no ano passado.

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Lyra, que criou o projeto em 2011 e três anos mais tarde integrou a lista Under30 da FORBES, circula entre o empresariado com invejável desenvoltura. Seu carisma e oratória facilmente o colocariam entre os líderes de audiência de qualquer televisão.

E, como um Silvio Santos do terceiro setor, mantém a plateia na palma da mão.

Diverte ao contar sobre um caldo de sururu que o teria ajudado a engravidar sua mulher, Mayara. Choca ao convocar um rapaz de Alagoas que descreve sua infância: aos 9 anos, era alcoólatra e sua mãe o deixava literalmente amarrado dentro de casa para não ser cooptado pelo tráfico. Tudo entremeado com frases brilhantes que levavam o público a calorosos aplausos: “eu faço a ponte entre a favela e a Faria Lima”, “se o Elon Musk vai conseguir chegar a Marte, vai ser uma vergonha a gente continuar tendo favela” e “o próximo Bill Gates vai vir da comunidade”.

Iza, a cantora do momento, dividiu o palco com crianças do coral do Gerando Falcões (como o fofo João Vitor da Silva)

Esta última de suas tiradas, aliás, foi lembrada no palco pela presidente da Microsoft, Paula Bellizia, uma das muitas CEOs presentes. “Venho como amiga e admiradora”, afirmou. Uma sucessão de executivos dividiu com o anfitrião os holofotes, sempre com cheques polpudos: Roberto Vilela, da RV Ímola, entregou um de R$ 60 mil e Marcel Sacco, da Hershey’s, outro de US$ 50 mil.

De cheque em cheque, a arrecadação de R$ 2,4 milhões (o CEO da Hershey’s, Marcel Sacco, deu US$ 50 mil)

A empolgação foi seguida de uma onda de doações vindas das mesas. A turma da 99, de carros compartilhados, ofereceu um ano de transporte de graça aos funcionários da Gerando Falcões, o empresário Carlos Sanchez, da EMS, se comprometeu a duplicar cada R$ 1 doado, até o limite de R$ 600 mil.

Ao todo, essas doações chegaram a R$ 1,19 milhão. Houve também quem contribuísse passando o cartão em maquinetas que circularam pelo espaço. Da venda das mesas vieram outros R$ 390 mil. Um leilão com itens como experiência ao lado de Luciano Huck e Anitta amealharam mais R$ 490,5 mil.

Andressa Silva/Divulgação

Casa cheia (e atenta): os 660 convidados de olho no discurso de Lyra

Que bom para o país que Lyra usa seus dons para uma causa tão bonita: oferecer atividades educativas, formação profissional e artística para uma parcela da população que, de outra maneira, dificilmente teria boas oportunidades. O dinheiro levantado vai ser, como nosso showman ongueiro diz, empenhado em construir pontes. Atualmente, o Gerando Falcões está em três comunidades (Poá e Vila Prudente, em São Paulo, e Vergel do Lago, em Alagoas), com 5705 familiares de alunos impactados. “Nossa meta é passar a atuar em trinta favelas e fazer diferença para 50 mil pessoas”, diz Lyra. É para aplaudir mesmo, não?