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Com doze anos de estrada à frente do restaurante Aizomê, ela conta a seguir por que ainda é um ponto fora da curva o fato de uma mulher chegar ao posto que ocupa, no comando da cozinha do consulado.
Telma Shiraishi: Tradicionalmente, a culinária japonesa tem poucas mulheres em postos de liderança. Mas aqui também não é muito diferente. Basta lembrar da repercussão quando Roberta Sudbrack se tornou cozinheira do presidente Fernando Henrique Cardoso.
F: Não houve avanço nesse sentido, apesar da luta das feministas?
TS: Acho que melhorou, e estamos numa fase interessante de abertura, estão mudando os modelos de cozinha e de negócios. A gente percebe uma evolução, sim, mas chefs mulheres ainda têm pouco destaque.
TS: Trilhei um caminho muito particular, e nunca me deixei limitar por moldes. Sempre fiz as coisas do meu jeito. Entrei na faculdade de medicina da USP para atender à expectativa da minha família, mas saí no terceiro ano para buscar algo mais artístico. Fui, então, trabalhar com o estilista Fause Haten, de quem fui assistente, e mergulhei no São Paulo Fashion Week.
F: E o salto da moda para a cozinha se deu quando?
TS: Há doze anos, quando abri o Aizomê. Mirei alto, mas nunca imaginei que chegaria tão longe. Faço culinária japonesa mesmo, o que quer dizer ir bem mais longe que preparar sushis e temakis. Os crus são uma fração muito pequena da nossa culinária. Um décimo.
TS: Aprendi muita coisa sozinha, na raça, e fui ao Japão algumas vezes para me aprofundar. Quando comecei não tinha faculdade de gastronomia, e até hoje não temos mesmo uma instituição de ensino especializada na culinária japonesa. É algo que estou batalhando: um curso que forme a pessoa, dê base técnica e um certificado conferido pela instituição e por alguma instituição japonesa. Espero que em 2019 consiga tirar isso do papel.