- Nos últimos dias, o aplicativo Snapchat enfrentou denúncias relacionadas à segurança e privacidade;
- Indícios apontam para o abuso do acesso privilegiado de funcionários para espionar usuários da plataforma;
- A NSPCC, instituição de caridade para crianças do Reino Unido, classifica o Snapchat como um app de alto risco.
Os últimos dias não têm sido fáceis para o Snapchat. Na última quinta-feira (23), o site “Motherboard” informou que vários departamentos da rede social têm ferramentas dedicadas a acessar dados de usuários e que diversos funcionários abusaram de seu acesso privilegiado para espioná-los. No domingo (26), o jornal “Sunday Times” publicou uma investigação sobre as alegações de que predadores sexuais estão “migrando” para a plataforma, que se tornou um “paraíso para o abuso infantil”.
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O SnapLion, um dos recursos mencionados na matéria, foi projetado para coletar informações permitidas por lei.
Um porta-voz da rede social disse a Forbes que “a suposição de que funcionários espionam a comunidade é altamente problemática e totalmente imprecisa”. “Proteger a privacidade é fundamental para o Snapchat. Mantemos poucos dados de usuários e temos políticas robustas de controle para limitar o acesso interno a eles, incluindo dados de ferramentas criadas para apoiar a aplicação da lei. O acesso não autorizado de qualquer tipo é uma clara violação dos padrões de conduta comercial da empresa e, se detectado, resulta em rescisão imediata”, disse ele.
Ironicamente, é esse “limite” aos dados de usuários que foi foco da investigação do “Sunday Times”. O jornal revelou milhares de casos que envolveram o Snapchat desde 2014, incluindo “pedófilos usando o aplicativo para obter imagens íntimas de crianças e adolescentes” e “crianças menores de 18 anos espalhando pornografia infantil”. Segundo a reportagem, a polícia do Reino Unido está investigando três casos de exploração infantil por dia ligados ao aplicativo, com mensagens autodestrutivas, que só podem ser visualizadas por um determinado período de tempo e evitam a detecção dos predadores.
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Wandt afirma que, desta forma, “o Snapchat se destacou como a plataforma onde o abuso de crianças acontece”. “É só fazer uma simples busca no Google para descobrir que a maioria das mensagens na rede social são irrecuperáveis após 24 horas, mesmo com um mandado judicial”, afirma.
A NSPCC, instituição de caridade do Reino Unido voltada a crianças, classifica o Snapchat como um app de alto risco. Um porta-voz da organização explicou que os predadores “lançam a isca na expectativa de atrair um pequeno número de crianças”.
Em comunicado, a Snap disse a Forbes que está profundamente preocupada com a proteção de sua comunidade e é completamente contrária a qualquer comportamento que envolva o abuso de um menor. “Nós trabalhamos duro para detectar, prevenir e parar o abuso na nossa plataforma, encorajando pais e crianças a terem conversas abertas sobre o que estão fazendo na internet. Continuaremos a trabalhar proativamente com governos, órgãos de segurança pública e outras organizações de proteção para garantir que o Snapchat continue a ser um ambiente positivo e seguro.”
Uma investigação semelhante em março deste ano se concentrou no Instagram, uma vez que a NSPCC alegou que o aplicativo de compartilhamento de fotos do Facebook se tornou a principal plataforma para o aliciamento de crianças no país. Durante um período de 18 meses, até setembro do ano passado, houve mais de 5 mil crimes registrados “de comunicação sexual com uma criança” e um aumento de 200% nos casos conhecidos derivados do Instagram para localizar e abusar de menores. O CEO da instituição de caridade descreveu os números como “provas contundentes de que deixar as crianças usarem as redes sociais não é seguro”. “Não podemos esperar pela próxima tragédia para obrigar as empresas de tecnologia a agir”, completa.
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A regulamentação das redes sociais tem gerado polêmica durante a maior parte deste ano. A prevalência do uso das mídias por crianças menores de idade, bem como as interações de risco às quais elas estão expostas, tem sido um dos aspectos mais preocupantes até agora. A normatização será desenvolvida, mas a questão em aberto é como as plataformas podem impedir que usuários burlem as barreiras de segurança, já que têm pouca compreensão dos riscos a que estão sujeitos.
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