Hamdi Ulukaya, fundador da Chobani, marca americana que viralizou o iogurte grego pelo mundo, já disse algumas vezes que quer ser um anti-CEO, “um líder que não segue as práticas esperadas pelo mercado”.
Em entrevista ao Financial Times, deu algumas receitas de como administrar uma empresa. “Nós ouvimos muito as opiniões dos advogados e do pessoal de Relações Públicas”, diz Ulukaya. “Perdemos como sermos humanos.” De acordo com ele, “é extremamente importante que marcas e empresas permaneçam humanas porque negócios são feitos de seres humanos”.
Um dos principais objetivos de executivos ainda é tentar antever como as coisas acontecem para produzir modelos os mais seguros possíveis para tomar decisões. Não por acaso, o filósofo David Weinberger escreveu que nós, humanos, temos a impressão de que, se pudermos entender as leis imutáveis de como as coisas acontecem, poderemos prever, planejar e gerenciar o futuro com perfeição.
Não sou tecnólogo, mas um curioso atento em saber como as coisas acontecem. E não canso de repetir que palavras convencem; exemplos arrastam. Vejo isso quase que diariamente em meu círculo de relacionamento na área da advocacia empresarial. Independentemente das novas ferramentas utilizadas pelos empresários e executivos de grande sucesso, é a forma de se relacionar dessas lideranças com seus colaboradores, parceiros e clientes que faz a roda girar.
Ainda que o turbilhão complexo de dados e informações que estão ao nosso redor coloque em xeque nossa compreensão e capacidade de conceituar o mundo, o uso da intuição, da criatividade e a disposição de se relacionar com o outro parece ainda ser o fator diferencial das lideranças da nova economia — como sempre foi entre líderes verdadeiros.
Vejo pessoas agindo para conquistar outras pessoas, colocando em prática ideias que já parecem normais e óbvias em nosso cotidiano, mas criando, acima de tudo, interrelacionamentos. Voltando ainda a Weinberger, a evolução nos deu mentes sintonizadas com a sobrevivência e apenas incidentalmente com a verdade. Me apego à primeira parte da frase: a evolução nos deu mentes sintonizadas para a sobrevivência.
Atualmente, vivemos uma dicotomia entre o uso da tecnologia e o comportamento. Porém, os manuais de gestão de pessoas dizem que, para aprimorar suas habilidades de liderança, é necessário investir na aquisição de conhecimentos em gestão de pessoas e de negócios. Além disso, é preciso desenvolver comportamentos essenciais ao papel do líder: delegar decisões, monitorar, ouvir para entender, mostrar o caminho, inspirar, motivar e reconhecer o esforço das pessoas que integram o seu elenco.
Resumindo, para liderar é preciso ser gente que goste de gente. Líderes de excelência conseguem promover uma equipe de excelência extraindo o melhor de cada um. Maximizando virtudes e minimizando falhas.
Retornando a Hamdi Ulukaya, do iogurte grego, a sua Chobani vem perdendo mercado, enfrenta forte concorrência já que há inúmeros fabricantes de iogurte grego pelo mundo e está endividada. Gestão complicada, mas a receita de Ulukaya de como tratar gente ainda parece a melhor e não foi aí que ele falhou.
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