Xadrez para os mandantes

25 de julho de 2019
Getty Images

A rede de arapongagem fantasiada de jornalismo investigativo que atentou contra Sergio Moro é bem coordenada e sabe exatamente o que faz

Quando a Polícia Federal anunciou a prisão de quatro hackers suspeitos de invadir o telefone de Sergio Moro, houve uma reação imediata e massiva nas redes sociais: #HackerDeTaubaté. Tradução: a polícia estaria na pista errada, ou ao menos lidando com suspeitos desimportantes – no caso, uns bagrinhos de Araraquara.

Veja que fenômeno interessante: é exatamente o mesmo tipo de reação que ocorreu por mais de dez anos a cada vez que um delinquente ligado a Lula era flagrado. Eram sempre “aloprados” – ou seja, bagrinhos trapalhões tropeçando por conta própria sem o conhecimento do grande chefe. Valério, Waldomiro, Silvinho, Delúbio, Vaccari, Valdebran, Gedimar, Bumlai, Cerveró, Pizzolato, Rosemary, Vargas, Bargas, Delcídio… É uma floresta de aloprados que não tem fim.

Foi Sergio Moro, à frente da Lava Jato, quem conseguiu depois de mais de década acabar com a famigerada instituição do “Lula não sabia” e prendê-lo como chefe de quadrilha.

Por enquanto, a força-tarefa que Moro coordenou é exceção no Brasil – ou seja, continua muito forte a cultura de dissimular responsabilidades. Mesmo com a dupla condenação de um ex-presidente que é réu em uma dezena de processos, ainda há espaço para o discurso da perseguição política e prisão injusta do pobre milionário. Nesse ambiente, a identificação e punição de todos os mandantes da invasão do telefone de Moro é crucial. Não tenha dúvidas de que vão te oferecer uma historinha
com aloprados de várias patentes – agindo à revelia e sem comando nenhum.

O assassinato do prefeito Celso Daniel, crime político que expôs a podridão do modus operandi petista, atravessou quase duas décadas com extermínio em série de testemunhas sem chegar aos mentores ou cúmplices de alta patente. No dia que esfaqueou o líder das pesquisas na eleição presidencial e atual presidente da República, o ex-militante do PSOL Adélio Bispo teve seu nome registrado por alguém como visitante na Câmara dos Deputados. O autor do atentado tinha dinheiro e vários aparelhos de telefone, mas o Brasil aparentemente está aceitando a versão de que é mais um aloprado de outro planeta.

A rede de arapongagem fantasiada de jornalismo investigativo que atentou contra Sergio Moro é bem coordenada e sabe exatamente o que faz. A polícia precisa revelar a cadeia de comando completa desse crime.

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