Telefones celulares impulsionam revolução solar em Papua-Nova Guiné

12 de setembro de 2019
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Papua-Nova Guiné recorre a instalações solares de pequena escala para fornecer eletricidade a comunidades

Resumo:

  • Papua-Nova Guiné tem alta penetração móvel e baixa taxa de eletricidade;
  • No país, 87% dos residentes não estão conectados à rede elétrica nacional, mas 67,5% estão na rede móvel do país;
  • Isso criou oportunidade para as empresas promoverem instalações em escala pessoal.

Papua-Nova Guiné, no Pacífico Sul, emergiu como líder em sistemas off-grid (OGS) de energia solar. O país está recorrendo a instalações solares de pequena escala como uma maneira de fornecer eletricidade para comunidades. O novo relatório da International Finance Corporation (IFC) mostra que as vendas de sistemas OGS cresceram 68% ao ano desde 2012. Essas redes têm pavimentado o caminho para um esforço de eletrificação em Papua-Nova Guiné. De acordo com os números, tem sido um sucesso: a participação de famílias com acesso a energia solar saltou de 2% em 2012 para 60% em 2017. E o aumento da popularidade no uso das instalações OGS em todo o país tem um combustível inesperado: telefones celulares

Eletrificação off-grid

A alta penetração móvel do país e a baixa taxa de acesso à eletricidade criaram uma oportunidade para as empresas promoverem instalações em escala pessoal chamadas “pico-solar”, feitas para carregar telefones e eletrodomésticos menores. O chefe do programa de consultoria em energia da IFC no Pacífico, Subrata Barman, explica: “Em vários países com alta penetração móvel e baixo acesso a energia, as soluções solares com carregamento móvel têm uma grande aceitação. Isso ocorre porque as pessoas precisam de energia para carregar seus celulares e as empresas do segmento também estão interessadas. É importante lembrar que as receitas das companhias de telefonia móvel estão diretamente relacionadas aos aparelhos serem carregados”.

O “pico-solar” inclui qualquer dispositivo solar autônomo de pequena escala, como uma bateria portátil, que pode ser carregado por energia solar para fornecer eletricidade a eletrodomésticos. À medida que os telefones celulares se tornaram mais comuns no país, essas instalações tiveram um aumento nas vendas. Segundo um relatório da IFC, 83% desses sistemas vendidos em Papua-Nova Guiné incluem um carregador de telefone. A venda deles se tornou uma porta de entrada para outros produtos, com a crescente demanda em aparelhos elétricos maiores e a infraestrutura necessária para alimentá-los.

Os consumidores de lá têm demonstrado um interesse crescente na compra de eletrodomésticos. O apetite do país por energia solar e novos aparelhos não passou despercebido pelo governo, que se comprometeu a melhorar a eletrificação em todo o país, conforme Barman afirma: “O governo estabeleceu uma meta de 70% de eletrificação até 2030, e existe uma aceitação geral de que parte dela seria atendida por soluções off-grid, com uma mistura de pequenas redes e sistemas solares domésticos”.

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Os telefones celulares começaram a preencher a lacuna de milhões de pessoas que buscam obter os benefícios da eletricidade por meio do aumento dos sistemas de energia off-grid. Como também foi visto em toda a África, as redes de energia descentralizada que usam redes independentes e sistemas solares domésticos são uma maneira eficiente de promover eletricidade. Além disso, áreas rurais que antes eram pobres em energia, são contempladas.

Conectividade de rede

Os telefones celulares deram ao governo a oportunidade de impulsionar o desenvolvimento da infraestrutura de eletricidade do país e diminuir o fosso digital. Os dispositivos também terão um papel importante na promoção da eletrificação. Papua-Nova Guiné estabeleceu sua política no desenvolvimento combinado de redes móveis e infraestrutura de energia solar. Segundo dados, 87% dos residentes não estão conectados à rede elétrica nacional, mas 67,5% dos cidadãos estão na rede móvel do país. O fornecimento de uma rede de telefonia móvel maior promoverá ainda mais instalações “pico-solares” e impulsionará a eletrificação off-grid.

A promoção de produtos solares de boa qualidade para aumentar a confiança do consumidor, ao lado do desenvolvimento contínuo das áreas rurais e a atualização da infraestrutura existente, são as principais sugestões da IFC para melhorar o mercado do país. A eletrificação off-grid também demonstrou ter impactos socioeconômicos positivos, com exemplos de programas solares de pequena escala semelhantes estimulando o emprego no Quênia e na Nigéria.

Além disso, a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) prevê que a energia renovável off-grid possa criar 4,5 milhões de empregos em todo o mundo até 2030. Isso coloca Papua-Nova Guiné na posição correta não só para capitalizar as propriedades eficientes de eletrificação dos sistemas fora de rede, mas também para colher os benefícios trazidos pelo acesso consistente à eletricidade.

 

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