Um estudo da incubadora e fundo de venture capital 500 Startups sobre CVC, no qual corporações investem em iniciativas de inovação de forma interna ou externa, com o envolvimento de empresas como startups, revelou que o interesse no modelo só tem aumentado, especialmente, entre organizações de grande porte.
Mais de US$ 60 bilhões foram investidos em CVC nos Estados Unidos em 2018, um aumento de mais de 100% em relação ao ano anterior. No Brasil, o interesse no modelo também tem crescido, puxado por iniciativas lideradas por empresas como a Embraer, Bradesco e Braskem, mas a adoção de modelo ainda é incipiente, diz Bedy Yang, sócia-diretora da 500 Startups.
“Muitas corporações no Brasil e no mundo tem montado iniciativas de CVC que acabam não dando certo por não serem bem estruturadas”, ressalta. “Elas acham que por serem grandes, conseguem tocar esses projetos sozinhas, mas o jogo é outro.”
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A 500 Startups divide CVCs em dois tipos: o “caçador” foca em ganhos financeiros, enquanto o “explorador” tem uma abordagem mais estratégica e tenta integrar a inovação na cultura corporativa. O primeiro tipo é o que tem mais chances de sucesso e representa 23% dos 100 participantes da pesquisa.
Os problemas também são parecidos. Entre as iniciativas que não sobrevivem, um dos maiores entraves é a falta de uma estrutura adequada, que impacta negativamente as startups que contavam com o apoio dessas organizações, diz Bedy. “Empresas precisam focar nos fundadores primeiro e oferecer mais do que somente capital”. Outro desafio é a integração da inovação gerada através do modelo de CVC nas áreas de negócio da organização.
Entre as empresas que têm sucesso com o modelo de CVC, 72% têm planos de expandir, segundo relatório da 500 Startups. Atingir objetivos estratégicos é mais importante para 55% das empresas, versus 28% que afirmaram priorizar o retorno financeiro. Para a minoria (17%), os dois objetivos são importantes.
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Além disso, empresas devem procurar investir capital de forma inteligente e estratégica, medir o retorno em termos de inovação, e não somente em investimento, bem como integrar efetivamente as atividades da unidade nas áreas de negócio da empresa-mãe.
Bedy prevê que o negócio de CVC deve continuar a expandir nos próximos meses no Brasil, mas aconselha gestores a buscar uma estrutura adequada e parceiros para garantir o sucesso.
“Em vez de tocar esses projetos sem saber muito bem como, o ideal é fazer parcerias com organizações que façam isso profissionalmente”, aponta.
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A idwall, empresa especializada em soluções de validação de identidade, levantou R$ 40 milhões em sua terceira rodada de investimentos, liderada pela Qualcomm Ventures, com participação de nomes como ONEVC, Canary, Monashees e Grupo Globo. O investimento da Qualcomm Ventures vem de seu novo Fundo de Inteligência Artificial, marcando o primeiro aporte em uma empresa da América Latina. A idwall é liderada por Lincoln Ando e Raphael Melo, que integraram a lista Forbes Under 30 de 2018.
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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