Dentro desta secretaria, há um departamento dedicado à atividades relacionadas ao Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). O coordenador de inovação e IoT na SEI, Guilherme Corrêa, falou com a Forbes sobre o engajamento do governo com empresas de tecnologia e o atual estágio da iniciativa.
FORBES: Como é a interação e qual é o objetivo das discussões entre a secretaria e as empresas?
No que se refere às grandes empresas de tecnologia, todas têm diretores de relações governamentais, pois essas empresas precisam estar atentas aos movimentos do governo. Quando se começou a falar do plano de Internet das Coisas, por exemplo, esse pessoal já estava nos procurando e questionando sobre os temas relacionados, antes mesmo de sair o decreto.
Uma parte importante do nosso trabalho é ouvir as empresas, pois políticas públicas não podem sair da cabeça de um burocrata que fica entre quatro paredes e não tem noção sobre como é o dia a dia das empresas. Essas conversas são muito benéficas, não só para o setor privado, que ouve a visão de futuro do governo, mas para o governo, que ouve as intenções das empresas.
Muito do que é feito em política pública vem dessa interação e desse feedback, então, é uma coisa natural. Antes de baixar uma nova portaria, regra ou norma, a gente ouve. Temos também as famosas consultas públicas, que servem para ouvir as empresas, mas também temos uma forma mais particular de fazer isso, que é recebendo essas empresas pessoalmente.
GC: Nestes últimos quatro meses, temos criado câmaras que servirão como veículo para ter essa interação produtiva com os diversos atores em cada setor [o plano de IoT cobre as verticais prioritárias do agronegócio, saúde, cidades inteligentes e indústria]. A interação tem de ser multilateral.
Queremos ter, em torno dessa grande mesa, as operadoras, fabricantes de equipamentos, startups e os demandantes, pois não podemos olhar só o lado da oferta, mas o lado da demanda também. Quando falamos de agro, a demanda vem do dono do rebanho, do produtor de milho, soja, café, frutas, seja grande ou pequeno. Esse pessoal quer as soluções de IoT, os dispositivos, a fazenda conectada, para que possa monitorar o rebanho, a plantação, as condições do solo, a irrigação.
F: Uma vez que todas as câmaras estiverem criadas, o que acontece depois?
Em ações que visam objetivos como a criação de mão de obra, por exemplo, sentaremos com o Ministério da Educação e falaremos sobre a criação de um curso técnico de IoT. Gostaríamos, por exemplo, que dispositivos IoT não pagassem [taxas do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações] Fistel, o que seria ótimo para o ecossistema. A materialização disso tudo pode não depender de nós, mas estamos apoiando. Também faz parte do nosso trabalho acompanhar as ações dos outros.
F: No curto prazo, quais resultados você espera obter desse engajamento com a indústria para evoluir a indústria local de IoT?
GC: Em indústria e agro, IoT está colado com o 5G, que viabiliza a melhora de produtividade e a competitividade da nossa economia perante o mundo. No caso das cidades inteligentes e da saúde, o olhar é para a qualidade de vida da população, com melhores condições de saúde, melhores atendimentos, diagnósticos, hospitais.
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A Qualcomm anunciou hoje (7) novas previsões para a economia 5G. O estudo encomendado pela empresa e organizado pela IHS Markit 5G sugere que a próxima geração de internet móvel gerará US$ 13,2 trilhões em habilitação de vendas até 2035. A pesquisa também aponta que a cadeia global de valor 5G dará suporte a 22,3 milhões de empregos em 2035, o que corresponde a 3,4 vezes mais empregos do que a atual fase de produção econômica.
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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