Plataforma de busca de imóvel vai além e lança facilitação de crédito e serviços jurídicos

10 de fevereiro de 2020
Divulgação

Gustavo Vaz, sócio-fundador e CEO da EmCasa

Filho de uma corretora de imóveis do tradicional mercado carioca, o engenheiro de produção Gustavo Vaz, 31 anos, precisou contrariar as expectativas da família algumas vezes para buscar seus objetivos. A primeira delas foi trocar a cidade maravilhosa pela terra da garoa para trabalhar em uma consultoria. Um ano e meio depois, deixou a empresa a convite de Tallis Gomes para assumir o marketing da Easy Taxi que, na época, era um projeto bem embrionário, muito distante do que viria a se tornar alguns anos mais tarde.

“A história que rolava lá em casa é que eu estava trabalhando em uma cooperativa de táxi”, lembra, rindo. Do marketing, Vaz passou a coordenar o lançamento das operações nas demais cidades brasileiras e, em seguida, da América Latina e dos demais países onde o aplicativo de transportes funcionava. A nova função exigiu que o jovem executivo morasse no Chile e na Ásia. Em 2015, aos 26 anos, voltou ao Brasil com a responsabilidade de comandar as operações globais e 1.000 pessoas na sua equipe. “Aprendi muito lá, principalmente no que diz respeito a gerenciar pessoas e a lidar com os altos e baixos de uma startup, como falta de dinheiro num dia e muito dinheiro no outro.”

Após quatro anos na Easy Taxi, Vaz deixou a empresa para cursar um MBA em Harvard que teria a duração de dois anos. No meio do caminho, mudou-se para a Alemanha, avisou a escola que não voltaria e passou a trabalhar em uma startup que negociava carros em mercados emergentes – contrariando, mais uma vez, as expectativas da família. Ao mesmo tempo, intensificou o contato com Lucas Cardozo, um antigo colega de faculdade, e achou que era hora de voltar ao Brasil, que vivia um bom momento no mercado imobiliário e de inovação.

Foi então que a dupla decidiu criar a EmCasa. A startup de compra e venda de imóveis foi incubada em Harvard, durante o ano em que Vaz voltou à escola de negócios para concluir o MBA, e desembarcou no Brasil definitivamente em 2017. “A compra de um imóvel é a transação financeira mais importante da vida das pessoas e a experiência, em geral, é muito ruim por aqui”, diz ele, ressaltando que isso se observa principalmente na classe média, entre pessoas sem condições financeiras suficientes para contratar advogados e know how para lidar com os bancos durante a operação. “Achamos que tinha um gap, uma oportunidade de criar um serviço relevante.”

A startup nasceu, então, com o objetivo de facilitar a experiência para o comprador. Começou ajudando na busca por imóveis com as características informadas pelo cliente, agendando as visitas e intermediando as negociações entre comprador e vendedor. “Percebemos, nesse processo, que as pessoas tinham dificuldades para conseguir financiamento, recurso usado por dois terços delas para concretizar o negócio. Integramos a nossa plataforma a uma série de bancos e passamos a atuar também nessa etapa, captando e analisando as informações das instituições financeiras e recomendando a melhor proposta para o comprador”, explica Vaz, ressaltando que, em função do volume, muitas vezes consegue condições melhores do que se o cliente fosse direto ao banco.

Mas existia, ainda, uma outra fase do processo que era motivo de estresse para os compradores: a jurídica. “São necessárias mais de 15 certidões por CPF, um trabalho super manual”, explica o empreendedor, mencionando, ainda, elaboração dos contratos, escrituras e documentos de intenção de compra e venda. A startup passou, no ano passado, a atuar também nessa ponta, fechando o cerco e se envolvendo na operação do começo ao fim, com tecnologia, assessoria jurídica, relacionamento com os bancos e um time de especialistas.

O resultado, segundo Vaz, é uma experiência muito mais simples, transparente e barata para o comprador. Ele explica que cobra a comissão de mercado das imobiliárias tradicionais – entre 4% e 6% do valor do imóvel, paga pelo vendedor. “Se levarmos em conta os custos de advogado, despachante e visitas menos assertivas, o comprador chega a economizar R$ 10 mil. Isso sem contar o estresse e o tempo dedicado às pesquisas e visitas improdutivas.” Ele conta que os compradores visitam, em média, de 30 a 40 imóveis antes de concluir a operação. “A nossa média é entre seis e oito visitas.”

Atualmente, a EmCasa atua em 22 bairros da capital paulista, principalmente nas zonas oeste e sul, e 13 do Rio de Janeiro, a maioria da zona sul. “Nosso foco é bairro a bairro. Não adianta termos cinco imóveis em todos os bairros das cidades. À medida que concluirmos um número considerável de imóveis em determinada região, passamos pra próxima.”

A empresa – que até o momento captou cerca de R$ 30 milhões em duas rodadas de investimentos de fundos nacionais e internacionais – fechou 2019 com faturamento e receita líquida 14 vezes maiores do que em 2018. Para 2020, a expectativa é chegar a R$ 1 bilhão em valor geral de vendas. Outro impulso foi na equipe: o número de colaboradores saiu de 25 para uma centena, todos com salários fixos e benefícios, ao contrário da prática comum do mercado. “Já temos margem de contribuição positiva, não precisamos de novos aportes. Mas estamos sempre em contato com investidores. É claro que, se surgir algo interessante, vamos avaliar.”

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Loft compra empresa de pesquisa de mercado

A Loft, plataforma digital de compra, reforma e venda de apartamentos e primeiro unicórnio brasileiro de 2020, acaba de concluir a aquisição da empresa de pesquisa de mercado SPRY. O objetivo da negociação é detectar, em um prazo muito curto, o que as pessoas estão procurando em cada região e ganhar capilaridade para entender melhor os nichos de mercado que se formam dentro de São Paulo. “Por meio das pesquisas conseguimos descobrir informações como o que as pessoas valorizam em uma determinada região e isso permite uma entrega cada vez mais satisfatória. Além da intenção de compra e perfil do comprador, conseguimos mapear quais os demais serviços e produtos adjacentes que essa pessoa está buscando na hora de comprar e vender um apartamento, por exemplo”, afirma Mate Pencz (foto), fundador e coCEO da Loft.

Leia mais: Brasil já tem o primeiro unicórnio de 2020

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Henner Heistermann e Sven Grimminger, fundadores da Nitrobox

Porsche Ventures investe em startup de software Nitrobox

A Nitrobox GmbH acaba de concluir uma rodada de captação de cerca de € 1 milhão do qual participaram o fundo NeueCapital Partners, do Vale do Silício, e a Porsche Ventures, a unidade de capital de risco da fabricante de carros esportivos com sede em Stuttgart. A solução da startup permite que empresas internacionais lidem com processos financeiros por meio de uma plataforma central e os controlem de maneira flexível – da criação do modelo de negócios aos pagamentos digitais, passando por cobrança, gerenciamento de contas a receber e conformidade. A empresa pretende usar os novos recursos principalmente para expandir sua posição no mercado alemão e se preparar para sua entrada nos Estados Unidos. “Nosso objetivo é nos tornarmos um facilitador de novos modelos de negócios e monetização”, diz Henner Heistermann, fundador e CEO da Nitrobox.

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Stefanini adquire startup Mozaiko

A multinacional brasileira de tecnologia Stefanini anunciou a aquisição da Mozaiko, startup de analytics que integra dados em tempo real e utiliza inteligência artificial para simplificar processos do varejo, como controle de estoques e custos, ganho de eficiência e melhoria da experiência do cliente. Com essa movimentação, a companhia expande sua expertise no setor e amplia sua oferta de softwares para realizar missões críticas para toda a cadeia de suprimentos do segmento varejista, operadores logísticos e indústria.

Com o novo negócio, será possível conectar o mundo físico e o digital do varejo, auxiliando as empresas do setor em sua movimentada operação de estoque. A Mozaiko provê solução de ponta a ponta, incluindo o software de analytics, equipamento e etiquetas de RFID (identificação por radiofrequência), que podem ser implementados ao longo da cadeia de supply chain, da fábrica à loja. Uma das aplicações nas lojas é dentro do provador de roupas, tornando-o inteligente e permitindo que o cliente, por meio de um simples toque no painel touch screen, solicite que o atendente da loja leve a peça desejada, além de oferecer sugestões complementares de outras confecções ou produtos, de acordo com o estilo do consumidor. Tudo sem sair da cabine.

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