Com o objetivo de abordar os desafios psicológicos impostos pela Covid-19 a grande parte da população, a colunista da FORBES Fabiana Scaranzi entrevistou, durante uma live no Instagram, o psiquiatra Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenador de grupos de estudo em psiquiatria do Hospital das Clínicas, entre outras qualificações.
O especialista abordou, entre outros temas, o medo que a sociedade parece estar sentindo neste momento, seja com relação às incertezas sobre o futuro, seja com a possibilidade de se infectar com o novo coronavírus. “O medo é uma reação saudável, pois acompanha os seres humanos há milhares de anos. Uma das formas de reagir a isso é ser onipotente, como se o vírus não pudesse nos pegar. Cuidado: as pessoas que agem dessa maneira podem acabar tomando atitudes irresponsáveis”, diz o médico.
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Questionado sobre como devemos nos comportar com nossa família em casa, o Dr. Guerra afirmou enxergar o momento como uma oportunidade: “É uma situação única. É verdade que os atritos podem acontecer, mas também podemos vivenciar situações positivas, engraçadas, de muito respeito entre os integrantes da família. Essa é uma ferramenta para que possamos sobreviver melhor neste momento”.
O especialista alertou, ainda, para a importância de manter uma rotina parecida com a de antes do isolamento, para que a eficiência no trabalho não seja comprometida. Segundo ele, é importante que as pessoas “planejem como será o dia seguinte, mesmo que seja na noite anterior”. “Não estamos de férias. Pelo contrário, tem muita gente trabalhando mais do que antes.”
Como sugestão, o Dr. Arthur citou a oportunidade de fazer aquelas pequenas coisas que sempre deixamos para depois, como assistir um série, organizar o computador e os armários, ler e assistir filmes. Esse é um momento, segundo ele, de organizar esse tipo de coisa com calma e fazer uma reflexão profunda sobre diversos temos que nos rodeiam.
Outro assunto tratado foi o de como a saúde mental pode sofrer com os estímulos das redes sociais durante a quarentena. Por mais que estejamos expostos a elas no cotidiano, a situação mais vulnerável de isolamento social pode amplificar os sentimentos ruins que podem surgir das imagens sempre felizes de outras pessoas. “É importante, no mundo pós-moderno, que as pessoas tenham sucesso, dinheiro, sejam bonitas. Essas obrigações chegam a ser extenuantes, geram angústia e chateação”, afirmou o psiquiatra em tom de alerta.
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O físico e a preocupação com o corpo também foram assuntos discutidos, e o profissional explicou a importância do tema: “Nós fomos obrigados a parar de fazer exercícios físicos repentinamente. Não tivemos tempo de adaptar nossa dieta para isso e estamos ganhando peso. Algumas pessoas estão bebendo mais e outras comendo por ansiedade”.
O Dr. Guerra contou, ainda, que uma das saídas para pacientes com problemas de álcool ou drogas é trocar o vício por um exercício físico. “A vida dessas pessoas melhora em muitos aspectos, desde a rotina do sono e a melhoria da vida sexual até a adoção de uma alimentação adequada e o cultivo de bons relacionamentos. Tudo muda quando a pessoa faz um exercício físico, independente de qual seja ele. É muito importante que o esporte faça parte da vida das pessoas neste momento.”
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Ao pensar no futuro, o psiquiatra declarou que espera que as pessoas saiam desse período de quarentena muito melhores do que entraram, já que elas estão tendo a chance de rever diversos valores e atitudes. Segundo ele, esse período irá mostrar o real valor das conexões humanas e como é importante estar rodeado de pessoas que fazem o bem. “Estamos tratando de uma situação adversa e, certamente, vamos sair melhores e mais fortes disso”, afirmou.
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