Os millennials, que nasceram entre 1981 e 1996, segundo a Pew Research Center, são o foco das estratégias de marketing atuais, e tem sido estudado o comportamento desta geração para entender para onde, e como, vai evoluir o consumo de vinho.
Essa geração, chamada de Y, é a com maior diversidade étnica e racial de toda a história. A próxima será ainda maior. Ela cresceu junto com o boom da internet, é a geração mais conectada, politicamente e socialmente (media social), tem mais desapego, preferem Uber a ter carro, usam Airbnb e adoram compartilhar. São antenados e conscientes da sustentabilidade das marcas, onde quase 50% são mais inclinados a comprar de uma empresa que ajude alguma causa, seja ela ambiental ou social, mesmo sendo mais cara.
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Eles têm também mais cuidado com a saúde e o bem-estar. As suas escolhas profissionais enfatizam o propósito e o impacto do projeto. Acreditam que o casamento é uma parceria onde 64% dos pais e 50% das mães opinam que a educação dos filhos é responsabilidade de ambos.
Agora que já sabemos um pouco sobre os millennials, rumo ao vinho azul!
Adriana Carneiro, mineira conectada, me perguntou se eu já tinha tomado esse vinho azul. Eu amo o mundo do vinho, ele é imenso, mutável e agora até podemos falar que colorido, pois tem tinto, branco, rosé, laranja, azul e até pink (mais uma polêmica).
O primeiro vinho azul da Europa foi criado na Espanha, em 2015, o Gik, que foi uma febre no Instagram por sua cor e conceito. O que não foi muito cool foi a multa que os empresários tomaram por chamar de vinho o que, em definição oficial, não é. A definição básica é: bebida resultante da fermentação alcoólica do mosto de uva. No caso do vinho azul, eles alegam que a cor vem das antocianinas, flavonoides distribuídos na natureza responsáveis pelas cores azul, violeta e todas as tonalidades de vermelho que aparecem nas flores, frutos e algumas folhas. Até aqui tudo certo, se não fosse o fato de que, para extrair a cor, seja necessário um processo químico. E foi por isso que tiveram de trocar todos os rótulos e tirar a expressão “vinho azul”, no caso da Gik. Regra é regra.
Um começo não muito fácil, mas uma estratégia digamos, millennial. Veja o conceito:
“Quando você está bebendo Gik Blue, você está bebendo algo inovador. Você está bebendo o poder de criar suas próprias regras. Sendo assim, nós não estamos tentando impor uma maneira de beber. Não falaremos com o que isso harmoniza ou quando bebê-lo. Não precisa fazer curso de vinho ou estudar uma bíblia enológica.” (Um parênteses para falar que estudar sobre o vinho é um prazer e não uma obrigação, na minha opinião). “Na psicologia, a cor azul representa movimento, inovação e infinito. É também associada ao fluxo e mudança.” Eles também focam em não ter açúcar, citando que excesso de açúcar causa aumento de peso e a falta dele leva a uma atitude mais saudável. O nível alcoólico é mais baixo também, 11.5%.
Depois deles veio o Vindigo, de um empreendedor francês que não encontrou nenhum conterrâneo para apoiá-lo e foi parar na Espanha. O Pasion Blue, um chardonnay da Espanha, tem 9,5% de álcool e recomendam que o sirva a 6°C a 8°C, bem geladinho. Blanc de Bleu é um espumante da Califórnia que está no mercado desde 1973 e uma das sugestões de consumo é o chá de bebê, pra quando é menino.
O Skyfall parece ter um certo pedigree. Elaborado em Penedès, na Espanha, onde 95% das cavas são produzidas, esse espumante segue o método tradicional do champanhe, mesmo da cava, e fica três anos em contato com as leveduras. Um champanhe, por lei, tem de ficar no mínimo 15 meses para o não vintage e três anos para um vintage, ou seja, esse espumante azul está tendo um belo tratamento para alcançar uma qualidade.
Uma tendência da nova geração é, com certeza, a busca por um nível alcoólico menor em relação a geração passada. Em Champanhe, isso fica claro com o aumento de zero dosagem em muitas maisons. Vinhos leves, divertidos com rótulos cool, petnats, que são espumantes elaborados de acordo com o método ancestral (eles não passam por uma segunda fermentação e seu nível de gás carbônico é bem menor), novidades como o vinho azul e a tentativa de inovar, são todos bem-vindos. O sol brilha para todos e a diversidade de empreendimentos no mundo do vinho só agrega.
É como na música, Elis Regina e Tom Jobim serão sempre clássicos inabaláveis, mas, há espaço para Tribalistas e Chiclete com Banana! Várias tribos, com direito a experimentar todas as cores do arco-íris pois, gosto é pessoal e intransferível.
O importante é ser gentil e não esquecer de se divertir no processo. No show do Blue Man Group seria divertido, certo?
Viva a diversidade!
Tchin tchin!
Carolina Schoof Centola é fundadora da TriWine Investimentos e sommelière formada pela ABS, especializada na região de Champagne. Em Milão, foi a primeira mulher a participar do primeiro grupo de PRs do Armani Privé.
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