Imagine que você foi fazer uma viagem de carro e pegou uma forte neblina pela frente. Ter névoa pesada na estrada é algo que deixa qualquer um tenso, preocupado e de uma certa forma ansioso para que logo o sol reapareça.
Você liga o rádio ou vai ao celular para ouvir a previsão do tempo e escuta que a neblina logo vai se dissipar. Só que, em sua viagem, você percebe que a previsão dos meteorologistas não se cumpriu. Você desacelera com medo de sofrer um acidente e assim caminha, quilômetros e quilômetros. Percorridos muitos quilômetros, se dá conta de que o que era para ser uma neblina em apenas um trecho da estrada na realidade é algo que provavelmente vai durar a viagem toda ou durar dias.
O ano de 2020 foi mais ou menos assim. Uma névoa chamada coronavírus chegou de surpresa quando estávamos em plena viagem. Houve muitas previsões do tempo: que logo ia passar, que a Covid talvez não ia matar tanto, entre muitas delas. Nenhuma delas se concretizou.
E passamos o ano seguindo em meio à neblina, sem saber direito quando sairíamos e sairemos desta. Não por acaso o impacto da pandemia na saúde mental de todos foi imenso. Depressão, ansiedade, problemas com o sono, consumo exagerado de álcool foram apenas alguns dos problemas que saltaram, em termos de número de afetados, durante este ano.
Como cuidar da nossa saúde mental em 2021? A primeira lição que 2020 nos deu é que é preciso encarar a realidade e que talvez leve ainda um bom tempo até que possamos dizer “ufa, saímos desta”.
Há uma frase que diz mais ou menos assim: “a expectativa é a mãe da dor de cabeça”. Enquanto nos fiarmos nas previsões e criarmos expectativas de que logo estaremos junto aos amigos em uma festa, viajando, comemorando aniversários, casamento, bar mitzvah, veremos minar progressivamente o nosso bem-estar, o que nos tornará mais vulneráveis aos transtornos de ansiedade ou mesmo à depressão.
A dica é que firmemos o pé no chão, encaremos que a neblina ainda pode nos cercar por longo tempo e que, dado isto, temos de buscar maneiras de nos cuidar o melhor que pudermos. O uso de máscaras, lavar as mãos, usar álcool em gel e manter o distanciamento social continuam valendo.
Mas também vale buscar uma atividade física, se você ainda não faz, ou retornar a se exercitar, se você já o fez algum dia. Como médico, posso afirmar que a atividade física é tão aliada da saúde mental como um possível remédio. Mas, melhor, porque traz outros tantos benefícios à saúde. Mexa-se. Este deve ser o seu mantra este ano. Um feliz 2021 a vocês.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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