Voltando para o passado, tudo começou no ano 46 a.C., por meio de um decreto do líder romano Júlio César, que estabeleceu o 1º de janeiro como o “dia do Ano-Novo”. Os romanos – notadamente politeístas – dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões. O mês de janeiro deriva de Jano, uma entidade que tinha duas faces – uma voltada para a frente, visualizando o futuro, e a outra para trás, vendo o passado.
Recentemente, 1º de janeiro voltou a ser o primeiro dia do ano na cultura ocidental. Até 1 751, na Inglaterra e no País de Gales e em todos os domínios britânicos, o ano novo começava em 25 de março. Desde então, o 1º de janeiro tornou-se o primeiro dia do ano.
Logo, o primeiro dia de janeiro como data oficial de nascimento de um novo ano, para simplificar, é resultado de uma canetada do imperador romano, hoje adotado por quase todos os países do mundo e adaptado a suas tradições e culturas. Pois é, mesmo sabendo que essa data icônica foi resultado do gesto autocrático de um burocrata ditador, e mesmo ciente de que nada de mágico acontece nos últimos segundos da “virada”, eu continuo amando o Réveillon. E me atrevo a filosofar: a magia desse momento tem a ver com a inundação de esperança que ele provoca em nossos corações e mentes. Mais do que nunca, precisamos de esperança. Precisamos acreditar que dias melhores estão chegando.
Gosto de definir esperança como um sentimento de convicção tão forte sobre o que se espera no futuro que ele é capaz de alterar o modo como vivemos no presente – e até como nos sentimos em relação ao nosso passado. Na linguagem financeira, é trazer motivação do futuro descontado para valor presente. É se apropriar agora de algo que você enxerga como muito possível de acontecer mais adiante. Não por acaso, a frase popular “a esperança é a última que morre” faz alusão à ideia de já estarmos “mortos” se não tivermos sequer um fio de esperança a nos conduzir adiante. A esperança é profilática, ajuda em nossa saúde emocional, alegra o nosso dia e arranca até dos mais chatos e rabugentos sorrisos e suspiros.
Não importa se a origem desse momento único não é lá muito romântica. Sempre gostei de fazer a contagem regressiva e, apesar das restrições de um ano tão atípico, com muitos abraços e beijos nas pessoas que amo e que estão comigo todos os dias (minha mulher e meus três filhos) – nas demais pessoas queridas, mas não tão próximas, abraços e beijos virtuais. Apesar de toda essa loucura que nos cercou em 2020, sempre vou fazer planos e acreditar que agora será diferente, que vou ser uma pessoa melhor, que não vou cometer os mesmos erros e que serei alguém mais próximo dessas pessoas tão importantes. E torcer para que o mundo volte a ser um lugar onde possamos respirar sem medo. A esperança precisa renascer em todos nós. Que ela seja sempre bem-vinda. Feliz 2021!
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