É evidente que a humanidade floresceu quando universalizou o acesso à educação a todos os níveis sociais. Como explicar a elevação de mais de 3 bilhões de criaturas da pobreza absoluta no século passado, se não pela disseminação da cultura por novos métodos educativos e pela aplicação de padrões de disciplinas pessoal e institucional, que venceram a miséria e o despreparo intelectual?
No Brasil, estamos em uma encruzilhada. Temos uma taxa de analfabetismo abaixo dos 8% da população (mesmo com escolas de lata e professores mal remunerados, sem condições de trabalho). Mas, acima de tudo, assusta-me que hoje os NEM NEM (nem estudos, nem trabalho) já atinjam uma fatia de cerca de 25% da população brasileira em idade escolar. O peso social que carregaremos, e que hoje já é extraordinário, será insuportável em um futuro breve.
Outros instrumentos de educação prática estão disponíveis em grande escala no arsenal governamental e da educação privada. Precisamos de uma ação coordenada Estado, iniciativa privada, entidades de classe, igrejas e órgãos de comunicação. Se mobilizados em conjunto, esses pilares ampliariam o trabalho profilático para repor no caminho produtivo o fantástico potencial de jovens hoje mergulhados no negativismo dos NEM NEM.
Lembro-me bem de ter dado meu trabalho voluntário por três anos à frente da Fundação Projeto Rondon. Quando assumi sua presidência, a primeira coisa que fiz foi abrir mãos de honorários. Depois, convoquei a iniciativa privada para dar sua contribuição, e todos os veículos de comunicação para participarem de uma campanha que convocasse os jovens a conhecer o seu próprio país.
Com o apoio da aeronáutica, da marinha e do exército, conseguimos, em três anos, elevar de 15 mil para 150 mil participantes, sem lhes perguntar sobre posições ideológicas ou propor-lhes qualquer outra ideia que não a de superar os problemas pessoais e transformar-se em arautos do conhecimento de seu país.
Casa-se este espírito de apoio e reconhecimento geral aos até 30 anos. Que eles, por mais preparados e geniais que sejam, deem valor àqueles que, à sua frente, prepararam a seara.
Foi – e está ainda sendo – trabalho árduo de uma geração que atravessou o deserto das esperanças perdidas, dos soluços e ranger de dentes e venceu as batalhas, entregando aos Super-Teens um país não mais do futuro – mas atual, forte e disposto a enfrentar todos os desafios.
Mario Garnero é Chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas
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