Uma pergunta que aflige muitos pais é: o que devo fazer se o meu filho me pedir para que eu busque para ele um psicólogo ou outro profissional de saúde mental?
A verdade é que, nessa hora, pai e mãe têm de ter a humildade de, em primeiro lugar, procurar decifrar aquele pedido. Será que aquela criança realmente quer conversar com alguém neutro, que a entenda? Ou será que ela busca um espaço de escuta na vida atribulada do pai ou da mãe? Muitas vezes, é isso o que a criança ou o adolescente deseja: ser ouvido e ser atendido, mas pelo pai ou pela mãe.
Talvez não seja tão fácil entender aquele pedido de pronto. Isso vai exigir uma boa conversa; talvez, várias conversas. Crianças pequenas não têm vocabulário e tanta capacidade de expressão quanto um adolescente, mas talvez tudo o que elas desejem seja que os pais não passem tanto tempo presos ao celular. Assim, que tal deixá-lo de lado durante as refeições ou fins de semana?
Crianças também podem, genuinamente, desejar ter um espaço só delas para falar do que bem quiserem. Uma boa conversa com elas ajuda a guiar a busca por um profissional de saúde mental. Procure saber como o seu filho descobriu esses profissionais. Teria sido por meio de um amigo? Pergunte à criança se acha que ela conseguiria resolver o que quer que seja com a sua ajuda, a ajuda de pai ou de mãe. Se ela disser que não, talvez seja a hora mesmo de procurar um profissional.
Também é possível que o que aquele filho esteja tentando comunicar é que o seu modelo de paternidade ou de maternidade não o deixa bem e, assim, ele talvez queira se abrir com alguém que o deixe mais à vontade. É possível, também, que um adolescente queira tratar de assuntos que envolvam a sua sexualidade e não se sinta confortável de tratá-los com seus pais.
Ainda que você não tenha experiência prévia com um profissional de saúde mental, procure conversar com o diretor ou o psicopedagogo da escola do seu filho. É provável que eles sugiram alguém especializado na infância e na adolescência. Assim como acontece com adultos, é importante que haja uma conexão entre a criança e o profissional. Às vezes, isso acontece rapidamente. Outras vezes – depende muito do temperamento da criança -, leva um tempo extra. Procure conversar com o seu filho sobre isso. Se essa conexão não tiver se estabelecido, você provavelmente terá de buscar outro profissional.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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