Juliana e Silvia – em ordem alfabética – se tornaram conhecidas da mídia a partir de junho do ano passado, quando participaram de uma live com a popstar Anitta, falando sobre racismo. Juliana define o encontro – promovido por uma amiga em comum, a empresária Paula Lavigne – como “uma virada de chave”. E uma virada de sucesso: 20 mil pessoas acompanhando o encontro ao vivo e mais dois milhões de visualizações nas 24 horas seguintes.
A partir dali, as amigas decidiram empreender. Lançaram um curso online sobre racismo estrutural e práticas antirracistas. Segundo Silvia, “um movimento de sensibilização para um público mais amplo, tratando a temática de maneira simples e acessível”. Em seguida, abriram uma consultoria própria, “em equidade racial e compliance anti-discriminatório para personalidades, organizações e empresas que queiram se informar e implementar essa cultura em seus negócios”, informa Juliana.
Apesar de terem nascido e crescido em Itapevi, na Grande São Paulo, as Souza só se conheceram há cinco anos em uma entidade do movimento negro onde atuavam pelas cotas raciais.
Juliana é formada pela PUC-SP, com especialização em Direitos Fundamentais e Processo Constitucional pela Universidade de Coimbra e pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Atualmente é mestranda e pesquisadora da USP.
Silvia formou-se na Unip – em Direito e Processo de Trabalho – e se especializou em Direitos Humanos, Diversidades e Violências pela Universidade Federal do ABC. Hoje vive em Brasília, onde trabalha e é pesquisadora nas áreas de criminologia e racismo.
A dupla avisa que seu encontro e trajetória de amizade, trabalho e ativismo, em breve deve virar livro. “Para inspirar pessoas e deixar nossa marca para quando não estivermos mais aqui”, conclui Juliana.
A seguir, Juliana Souza e Silvia Souza #MulheresdeSucessoRespondem:
Donata Meirelles: Com qual mulher de sucesso da História vocês mais se identificam?
Silvia Souza: Elza Soares, por toda a expressão de garra, de luta e de poder que ela traz em sua voz, música e carreira. E Anitta, porque além de ser uma artista completa, é uma mulher de negócios, empresária da própria carreira, chegando a lugares onde poucos artistas brasileiros chegaram.
DM: Qual sua maior conquista, profissional e pessoal?
JS: Ocupar lugares que jamais imaginei e, antes mesmo dos 30 anos, ser referência para tantas meninas e mulheres que vêm do mesmo lugar social que eu.
DM: Não confunda sucesso com…
JS: Meritocracia. O que diferencia as pessoas majoritariamente são as oportunidades que se tem ao longo de sua trajetória, de aperfeiçoar as habilidades e demonstrar os talentos.
SS: Ficar rica.
JS: Saber ouvir, ter empatia e criatividade, características fundamentais para os tempos atuais que demandam novas estratégias para driblar questões históricas como a desigualdade social e o racismo.
SS: Inteligência, perspicácia, persistência e criatividade para elaborar estratégias frente a situações difíceis.
DM: Qual o seu maior luxo não material?
SS: Incontestavelmente estar com minha família (irmãos, mãe e sobrinhos).
DM: Se você pudesse ser um animal, qual seria? Por quê?
JS: Seria um cavalo. Inteligente, forte e persistente.
DM: Qual a sua filosofia de vida?
JS: Por corpos e vozes dissonantes em todos os espaços. A ordem é ocupar. Com isso quero convidar a corpos marginalizados, vozes silenciadas a rejeitar o “não-lugar”.
SS: Ubuntu: “Eu sou porque nós somos”. Acredito que minha ancestralidade, que vem da diáspora africana, me guia na construção de uma jornada disruptiva do mundo que é de todos nós.
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