Donata Meirelles: "Eu gosto da vida. É isso que coloco no meu trabalho", diz a artista Beatriz Milhazes

14 de julho de 2021
Christian Gaul

Um outono cheio de cor nas obras da artista brasileira de maior sucesso internacional

Um dos nomes mais importantes da arte contemporânea mundial, a carioca Beatriz Milhazes foi motivo de duas retrospectivas em São Paulo. Uma no Masp ( já encerrada) e outra no Centro Cultural Itaú (em cartaz até 4 de julho). Agora ela atende um chamado do outro lado do mundo e vai expor na China, em setembro. Mas também tem Viena no roteiro e Nova York na agenda.  Enquanto sua arte é sucesso  global, Beatriz diz gostar mesmo de ficar em seu ateliê – duas casas geminadas em uma bucólica rua do Jardim Botânico, no Rio – mantendo seu trabalho exuberante em constante evolução.  

Donata Meirelles:  Como será a mostra na China? 

Beatriz Milhazes: Serão trabalhos inéditos de pintura, colagem e duas esculturas, que fizeram parte da mostra no Masp, além de um desenho que vai ocupar a lateral de vidro do Long Museum, em Xangai. Esse nicho é uma espécie de vitral, como em uma catedral, e vai  estabelecer um diálogo entre a colagem e a pintura. No mesmo dia da abertura na China, será apresentada  a pintura que fiz sobre a porta de ferro corta-fogo do palco da Ópera de Viena. E também estou trabalhando para uma outra exposição, em setembro do ano que vem, na Pace Gallery, em Nova York.   

DM: Como foi reencontrar sua própria obra?

BM: A partir de 2001 começaram a fazer mostras panorâmicas da minha obra, mas essa, por ter sido a maior, foi extremamente emocionante. E as duas mostras foram espetacularmente montadas por Adriano Pedrosa (Masp) e Ivo Mesquita  (Itaú Cultural).  Encontrar a própria história é um momento único e faz parte do processo de criação do artista. Na verdade, eu me considero uma cientista, porque quero meu trabalho em constante evolução. 

DM: Como você lida com o sucesso?

BM: Eu adoro, mas meu foco é sempre o trabalho. O artista deve colocar seu desenvolvimento em primeiro lugar. Apesar de gostar do sucesso, não acredito nele porque a vida é todo dia, um dia após o outro. O mundo ao seu redor muda e é preciso tomar cuidado. Esse olhar diferenciado muitas vezes altera a pessoa diante do sucesso. Eu continuo a mesma. Com ajustes, é claro. 

DM: Você é expoente da Geração 80 de artistas brasileiros. Como vê o legado do grupo?

BM: Foi um movimento importante, artística e politicamente. Queríamos a liberdade de existir sem nos preocuparmos com regras ou censura. A Geração 80 representou a possibilidade da livre expressão. Por isso trouxe novas questões para o pensamento da arte brasileira e revelou muitos artistas realmente importantes.

Coluna publicada na edição 87, lançada em maio de 2021.

Com Mario Mendes, Antonia Petta e Sofia Mendes

Donata Meirelles é consultora de estilo, atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle 

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.


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