Outro dia, topei com um levantamento bem interessante da Oracle, realizado em 2020 com mais de 12 mil trabalhadores de diferentes empresas e países do mundo, inclusive o Brasil. Um dos achados-chave desse estudo me chamou a atenção: 76% dos colaboradores, ou seja, a maioria daqueles que foram ouvidos, disseram que suas empresas deveriam estar fazendo mais para proteger a saúde mental de sua força de trabalho. É alarmante, porque são muitos os profissionais com a sensação de estarem desprotegidos em relação à sua saúde mental pelas empresas em que trabalham.
Com a pandemia e o salto enorme nos casos de ansiedade, depressão, consumo de álcool e drogas e problemas com o sono, só para citar alguns dos problemas de saúde mental mais comuns em quem trabalha, as organizações começaram a se dar conta de que precisam se mexer, e rapidamente.
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Baixa saúde mental tem um impacto econômico significativo para as empresas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) chega a estimar que a economia mundial perde 1 trilhão de dólares por ano devido à baixa produtividade da força de trabalho doente.
O que as organizações poderiam fazer para ajudar os seus empregados? Veja, abaixo, algumas sugestões:
1. Elas precisam estar atentas ao seu principal valor: as pessoas. Não existe inovação sem o fator humano.
2. As empresas precisam entender que, sim, seus colaboradores estão em frangalhos, cansados, irritados, com a paciência mais curta. A paciência fica ainda mais curta com a falta de definição. Como deverá ser o modelo híbrido de trabalho? Esse é um dos temas mais discutidos no mundo todo.
As organizações precisam levantar esse assunto. Como fazer isso? Com seminários, estratégias de escuta dos empregados e, principalmente, treinamento das lideranças. Os líderes precisam ser capacitados e saber que têm um papel nuclear na identificação de algum problema de saúde mental e no encaminhamento daquele colaborador para um profissional de saúde ou para o médico do trabalho.
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3. Elas precisam oferecer canais com pessoal devidamente capacitado para fazer o primeiro atendimento a quem está em sofrimento. Quando eu falo em atendimento, não é atendimento médico, mas humano. É acolher o colaborador e ter capacitação para identificar se ele está, por exemplo, com problemas do sono, ansioso etc. É ter estratégias sólidas para apoiar as pessoas que não mais trabalharão de casa e terão de voltar ao escritório e eventualmente podem estar com medo.
4. Criar uma política permanente de educação para a higiene – lavar as mãos, usar máscara em ambientes de maior aglomeração de pessoas – e de saúde mental, onde se incluem ações de prevenção ao burnout.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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