Se pararmos para pensar no regime de chuvas do Brasil, especialmente da região central, que é onde se localiza a pecuária de corte. Como que ele funciona? Nós temos a partir de agora, de abril até maio, teremos um período de menor pluviosidade, luminosidade e temperaturas mais baixas. E o que o capim precisa para crescer? Exatamente do contrário. Ele precisa de calor, luminosidade e muita água. Então agora entramos em um momento em que a pastagem começa a ficar prejudicada de uma maneira muito rápida e intensa. E daqui para a frente os animais não conseguem mais engordar.
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Basicamente, o que tem agora, é um aumento da oferta de animais de pasto terminados e, a partir do momento em que os pastos começam a secar, o pecuarista é obrigado ou a suplementar o animal ou entregá-lo para o abate. Ou seja, esse início de seca que vai começar agora em maio começa a forçar os pecuaristas a comercializarem os seus animais que acumularam esse peso ao longo do período chuvoso. Então, isso aumenta a oferta de animais e faz com que a gente veja os preços pararem de subir, ou até mesmo cair.
Então, se a gente fizer uma análise daqui para trás, do começo de 2021 até agora a partir de uma base zero, nós vamos observar que o custo da diária de animais em confinamento nesse sistema de suplementação subiu 59%. Enquanto isso, vamos observar a carne bovina no varejo, que subiu 18% no mesmo período. O boi gordo 17%, a carcaça bovina no atacado subiu 11%, então o varejo continuou imprimindo margem em cima do consumidor. O boi magro, que também, é substrato para gente poder confinar no segundo semestre, subiu 8%. O milho e o bezerro subiram 7% e oo farelo de soja caiu 4%.
Um destaque para esse bezerro que caiu 7%, porque ele é mais um reforço de uma conversa que nós já tivemos nesse espaço falando de ciclo pecuário. O ciclo está virando para a fase de baixa, em que os preços pecuários variam abaixo da inflação, e um sinal desse movimento é o bezerro se valorizando abaixo do boi gordo.
Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.