As maiores investidoras de risco do mundo

6 de abril de 2018

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Nove mulheres fazem parte da nova edição da lista Midas, levantamento anual elaborado por FORBES com os maiores investidores de risco. O número é recorde – no ano passado, apenas seis mulheres faziam parte do ranking. As estreantes são Aileen Lee, fundadora e sócia da Cowboy Ventures, e Sonali De Rycker, sócia da Accel.

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A lista Midas, produzida com a participação da TrueBridge Capital Partners, ranqueia os investidores de risco com base no número e no tamanho dos negócios ao longo dos últimos cinco anos, sendo que aqueles mais ousados em estágio inicial têm peso maior. O ranking considera apenas aberturas de capital de mais de US$ 200 milhões ou rodadas privadas que avaliam as empresas em US$ 400 milhões ou mais.

A sócia da Kleiner Perkins Caufield & Byers, Mary Meeker, foi mais uma vez a investidora de risco mais bem classificada, ocupando o 6º lugar, graças às suas apostas perspicazes em empresas como Airbnb, o site de comércio chinês JD.com, Slack, Spotify e Facebook.

Desde que o maior sócio da Kleiner, John Doerr, deixou de ser responsável pelos novos fundos da empresa, Meeker assumiu mais uma responsabilidade e ajuda a liderar o time de capital digital, que foca em empresas de internet em crescimento. Meeker se tornou a maior investidora de risco mulher em 2016, posto que antes pertencia a Jenny Lee, da GGV Capital, que ocupou o 10º lugar em 2015.

A maior estreante da lista, a sócia da Accel Sonali de Rycker, ocupa o 95º lugar graças, em parte, a seus investimentos iniciais na Avito, a versão russa da Craiglist, que foi adquirida pelo conglomerado de jornais da África do Sul Naspers em 2015 por US$ 2,7 bilhões. De Rycker, que co-lidera o escritório de Londres da Accel com Harry Neils, também apostou no Spotify e liderou o investimento na startup de e-commerce Wallapop, que se fundiu com a concorrente Letgo em 2016, além de atuar como diretora independente no conselho da Match.

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Original de Bombaim, na Índia, De Rycker frequentou o Bryn Mawr College, na Pensilvânia, e trabalhou para o Goldman Sachs e o Atlas Ventures antes de entrar na Accel em 2008. O que ela sempre tenta se lembrar é que “a próxima grande coisa pode ser muito diferente da última grande coisa”.

A segunda mulher a estrear na lista é Aileen Lee, fundadora e sócia na Cowboy Ventures, com sede em São Francisco. Lee conseguiu a 97ª posição devido, em parte, a seus investimentos na Bloom Energy, que pode ter seu capital aberto em maio e foi recentemente avaliada em cerca de US$ 3 bilhões; na Dollar Shave Club, adquirida pela Unilever por US$ 1 bilhão em 2016; e na Rent the Runway, que levantou investimentos neste ano e foi avaliada em quase US$ 800 milhões.

Lee passou 13 anos na Kleiner Perkins antes de fundar a Cowboy Ventures em 2012. Em julho de 2017, fundou uma comunidade de investidoras de risco chamada All Raise. O grupo conduz um esforço multi-orientado para apoiar mulheres investidoras e empreendedoras, que são altamente sub representadas nos fundos de investimento e nas empresas de seus portfólios. A missão atual da All Raise é dobrar a porcentagem de mulheres na posição de sócias em empresas de investimento de risco nos próximos 10 anos e aumentar o financiamento total para fundadoras mulheres em 10% nos próximos cinco anos. O grupo já foi o catalisador invisível por trás de dois dos mais notáveis esforços de diversidade na tecnologia nos meses recentes: a série de mentorias Female Founder Office Hours e o pacto de 600 startups pela diversidade chamado Founders For Change, que contou com titãs da tecnologia, como o bilionário fundador do Instagram Kevin Systrom e o CEO do Dropbox Drew Houston.

As seis outras mulheres investidoras de risco da lista já são veteranas: Rebecca Lynn, cofundadora e sócia da Canvas Ventures (31ª posição); Ann Miura-Ko, cofundadora e sócia da Floodgate Fund (55ª); Beth Seidenberg, sócia da Kleiner Perkins (62ª); Jenny Lee, fundadora e sócia da GGV Capital (74ª); Kirsten Green, fundadora e sócia da Forerunner Ventures (77ª); e Theresia Gouw, sócia da Aspect Ventures (89ª).

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Lynn ganhou 13 posições na lista em relação ao ano passado em parte porque ela e sua empresa, a Canvas, levantaram seu segundo financiamento, US$ 300 milhões, na segunda metade de 2016. A Canvas utilizou o fundo para investir em startups como a Eden Technology Services, a plataforma de mentoria Everwise e a Luminar Technologies, uma fabricante de sensores LiDAR que se tornou conhecida neste ano. Lynn já participou de negócios-chave anteriormente, como o IPO de 2015 da Lending Club e a venda da Future Advisor, que foi adquirida pela BlackRock por US$ 150 milhões em 2015.

A próxima investidora no ranking, Miura-Ko, do Floodgate Fund, também é fundadora da All Raise. A nativa de Palo Alto, na Califórnia, foi uma das primeiras a descobrir a unicórnio de caronas compartilhadas Lyft e também investiu na fabricante de softwares de máquinas de inteligência artificial Ayasdi e Xamarin, que a Microsoft adquiriu em fevereiro de 2016 por mais de US$ 400 milhões.

Outra mulher de destaque é Beth Seidenberg, da Kleiner Perkins, que voltou para a lista graças a grandes negócios como a Flexus Biosciences, que foi adquirida em 2015 por US$ 1,25 bilhão, e a empresa de biotecnologia para doenças raras TrueNorth Therapeutics, que foi vendida para a Bioverativ por cerca de US$ 400 milhões no ano passado. 13 anos depois de entrar na Kleiner Perkins, a especialista em biotecnologia incubou oito empresas e atua no conselho de diretores de outras 12.

A próxima da lista, Jenny Lee, na 74ª posição, entrou na empresa chinesa GGV há 13 anos e é uma das mais respeitadas investidoras de risco da China. Seis das empresas do portfólio da GGV foram adquiridas em 2016, incluindo a China Talent Group, um provedor de serviços de recursos humanos, a editora de jogos Gamespedia e a U51, uma loja de loja de classificação de empréstimos ao consumidor.

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Green, fundadora da Forerunner Ventures, ocupa o 77º lugar graças à pontuação de duas das maiores aberturas de capital de e-commerces na história recente: o Dollar Shave Club, adquirido por US$ 1 bilhão em julho de 2016, e o site de e-commerce Jet.com, que o Walmart adquiriu por mais de US$ 3 bilhões um mês mais tarde. A Forerunner foi a única empresa de capital de risco que investiu nas duas empresas.

Outra veterana, Gouw, da Aspect Ventures, aparece na lista pela sétima vez. Seu foco é em software e tecnologia de segurança na Aspect, que ela cofundou em 2014 com Jennifer Fonstad. Gouw investiu cedo no mecanismo de busca de imóveis Trulia, que teve seu capital aberto em 2012, e mais recentemente na Cato Network, que oferece serviços de segurança de última geração sob demanda, assim como na ForeScout, um unicórnio de cibersegurança.

As nove investidoras de risco da lista são modelos importantes em uma indústria que se posiciona contra as mulheres. Apenas cerca de 9% das investidoras de risco são do sexo feminino, e mais da metade dos maiores fundos não têm sequer uma mulher investidora. Os números em cargos de liderança são ainda menores. Entre 5% e 8% das sócias de empresas de investimento de risco são mulheres, uma queda de mais de 10% ao longo da última década, segundo um estudo recente da Universidade Columbia. O levantamento concluiu que ter mais tomadoras de decisão mulheres na indústria aumentaria os retornos das empresas de investimento de risco e impulsionaria substancialmente as oportunidades de financiamento para mulheres empreendedoras. Mais investidoras de risco não apenas levaria a ambientes de trabalho mais igualitários e inclusivos, mas geraria melhores resultados também.

Um estudo do Babson College em 2014 descobriu que empresas de investimento de risco com sócias mulheres tinham mais de duas vezes mais probabilidade de investir em empresas com uma mulher no time administrativo ou no cargo de CEO. As mulheres ainda levantam significativamente menos financiamento do que os empreendedores homens. Investidores de risco aportaram US$ 66,9 bilhões em empresas com todos os fundadores homens em 2017, enquanto as mulheres receberam apenas US$ 1,9 bilhão em financiamento do tipo no mesmo ano, segundo a base de dados do setor PitchBook.

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No ano passado, empresas lideradas por mulheres corresponderam a 4,4% de todos os negócios de investimento de risco e levantaram apenas 2,2% de todos os dólares de investimentos de risco.

Veja, na galeria de fotos, as 9 maiores investidoras de risco do mundo:

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