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Apesar da saída de brasileiros para o exterior ter diminuído em 1 milhão de 2015 para 2016, de 2017 para este ano, com a retomada econômica, os números aumentaram progressivamente.
A título de comparação, em 2016, segundo dados do relatório divulgado pelo Ministério do Turismo, os Estados Unidos seguiram por 9 anos consecutivos como principal opção de ida ao exterior para turistas saídos do Brasil.
Outro ponto que contribui para a valorização do dólar é o maior valor gasto pelos brasileiros em viagens aos EUA. O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, diz ter havido uma recuperação no ano passado. “Devido à retomada econômica, saímos de US$ 13 bilhões gastos lá fora para US$ 19 bilhões. São US$ 6 bilhões a mais, de imediato”, conta.
Além disso, existe um padrão comportamental nacional voltado para o consumo de bens. “São gastos, em média, US$ 1.700 no exterior. Já o estrangeiro em visita ao Brasil deixa aqui por volta de US$ 850. Este diferencial se deve às compras. Isso mostra tanto que viajamos para comprar quanto que existe uma deformação em nossa economia. Não se vê um norte-americano ou um holandês em um dia de compras no Brasil”, diz o ministro. Atualmente, o país ocupa a 23ª posição no ranking mundial de capital despendido no turismo global.
Ainda sobre a diferença de gastos entre brasileiros e estrangeiros, Lummertz frisa a posição do dólar frente ao real: “Supervalorização cambial é outro fator que faz turistas de fora deixarem menos dinheiro em território nacional”. Com US$ 19 bilhões desembolsados por brasileiros em viagens internacionais e US$ 5,8 bilhões gastos por estrangeiros no país, em 2017, a balança comercial do turismo fechou em déficit de US$ 13,2 bilhões.
Diante do aumento da procura por destinos internacionais, ficar atento às taxas de câmbio e entender os fatores políticos e econômicos que elevam o valor da principal moeda do mercado são lições de casa para fazer o dinheiro render mais.
Segundo o professor Marcelo Curado, doutor em política econômica pela Unicamp e chefe do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), um dos fatores que contribuem para o aumento do dólar é o incremento dos tributos norte-americanos. “O aumento da taxa de juros nos EUA atrai capital para o país e tende a valorizar sua moeda.”
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, interrompida no último domingo (20) com a suspensão da medida norte-americana de impor tarifas sobre importações de produtos chineses, também havia contribuído para a instabilidade da taxa cambial, principalmente, quanto às moedas emergentes, pela supervalorização das commodities.
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Outro fator que gera maior volatilidade da moeda são as eleições presidenciais no Brasil. “Em breve, a questão política pode ter muito mais força em relação ao câmbio. Principalmente, se houver a forte presença de candidatos com propostas contrárias às reformas estruturais esperadas pelo mercado. Diante deste cenário, a tendência é haver uma desvalorização do real”, diz Curado.
Dez anos após a injeção de dinheiro do pacote de resgate do governo norte-americano para a recuperação econômica, a expectativa é de pressão por parte dos EUA, com a retirada de estímulos. O aumento dos juros dos papéis de uma década, acima dos 3% ao ano, causou reajuste de títulos do Tesouro a nível global. “A cada 1% que os Estados Unidos sobe de juros, a gente calcula que ele deva enxugar de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões do mercado global”, diz Rabelo.
No entanto, apesar do alvoroço instaurado pelo aumento do dólar, é esperada uma baixa no valor da moeda norte-americana. “Acredito que o dólar comercial recue para o patamar de R$ 3,50, que é o confortável quando se fala de juro real próximo a 3%. Esse movimento que a gente teve foi de reprecificação”, explica Rabelo.
Aos brasileiros que planejam viajar para o exterior, o pior movimento a se fazer é comprar dólar em momentos de estresse cambial por apreensão de que os preços aumentem ainda mais. A corrida pressiona o dólar turismo e aumenta o spread da troca. Para Curado, “o ideal é comprar paulatinamente, em movimentos de baixa, e esperar passar um pouco toda essa movimentação”. Na última quinta-feira (18), o spread cambial chegou a R$ 0,40, quando em transações normais fica entre R$ 0,14 e R$ 0,20.
Segundo Rabelo, além de manter a calma e não comprar toda quantia necessária para a viagem ao exterior de uma vez, outras dicas podem ajudar a otimizar o momento do câmbio. “Para garantir a segurança na troca do dinheiro, é essencial optar por empresas e locais credenciados pelo Banco Central e evitar o câmbio ilegal, já que não há garantia se a nota é verdadeira.”
Quanto à segurança do momento e de como fazer o câmbio, Rabelo completa: “ A pesquisa é uma das partes mais importantes na hora da compra, independentemente da moeda. Pesquise em diversas plataformas e em vários dias para saber qual o valor mais baixo. O dólar pode variar em até R$ 0,20 de uma empresa de câmbio para outra. Também nunca deixe para trocar a moeda na hora da viagem e no aeroporto, as taxas são muito mais altas e nem sempre aceitam o real.”