Considerando um presente em que as pessoas se veem cada vez mais ameaçadas em relação à segurança de seus recursos online, o avanço tecnológico em áreas como a inteligência artificial (IA) não traz um futuro muito promissor. Por exemplo, a ampla e rápida adoção de IA na produção de deepfakes – imagens, audio e video artificiais, porém extremamente realistas – representa uma nova era para o cybercrime, bem como novos e maiores desafios para empresas de serviços financeiros.
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Neste cenário de evolução acelerada, o jogo de gato e rato entre empresas como bancos e criminosos atuando online se intensifica – e isso também vale para as organizações que investiram em segurança embutida no design de seus produtos. Com os avanços em IA, como a inteligência artificial generativa, foi aberta a caixa de Pandora no que se refere à possibilidades para o cibercrime. Por outro lado, bancos também tem sofisticado seu próprio arsenal tecnológico para não só reagir, mas também se antecipar às tendências.
Avançando a automação
O C6 usa IA combinada à uma abordagem de cibersegurança em processos cruciais da operação, como a prevenção de fraudes logo do início da trajetória do cliente junto ao banco digital. Cerca de 98% das propostas de abertura de novas contas são analisadas por algoritmos, segundo Barbosa. O executivo defende a visão de que o não-envolvimento de pessoas no processo de análise contribui para a prevenção de ocorrências como contas abertas ilegalmente com base em dados vazados, outro pesadelo do brasileiro.
“O ser humano falha muito mais do que o algoritmo, então é muito melhor se a instituição consegue treinar um modelo do que ter um departamento enorme de pessoas analisando cada proposta, pois o índice de erro [humano] é muito maior”, diz Santana, acrescentando que a taxa atual de falsidade ideológica na abertura de contas do banco é insignificante, graças ao uso de tecnologia no processo de análise. Segundo o executivo, o C6 está testando a ampliação de uso de algoritmos em outras atividades em cibersegurança, como o primeiro nível de monitoramento de ameaças, que já é feito 24 horas por dia.
Para reforçar a proteção de seus 26 milhões de clientes, o C6 também integra tecnologias avançadas à sua estratégia de cibersegurança, em frentes como a autenticação das transações financeiras. Com biometria facial sob o recurso liveness, o processo do banco é uma espécie de prova de vida baseada em IA e aprendizado de máquina, em que o cliente precisa se movimentar para provar que há uma pessoa viva (e titular da conta) ali, fazendo o acesso.
A estratégia de segurança do banco também inclui a atuação de times internos que monitoram a deep web e buscam as últimas novidades no mundo do cibercrime, e como agentes estão usando as novas ferramentas para sofisticar seus ataques. “Ali ficamos sabendo de muita coisa, o que está rolando em áreas como deep fakes e outros nichos, e assim entendemos como nos defender”, pontua Santana.
Além disso, o C6 conta com um time de “hackers do bem” internos e externos, que ajudam o banco a remediar potenciais falhas, e olhar para o futuro. Desde 2019, o banco participa de um programa de “bug bounty” da Hacker One, que premia especialistas que detectam potenciais vulnerabilidades nos sistemas. Cerca de US$ 29 mil distribuídos em 49 prêmios já foram pagos pelo banco a hackers do mundo todo sob a iniciativa.
O desafio do letramento digital e usabilidade
Ao refletir sobre o futuro da cibersegurança, Santana acredita que uma das formas de lidar com a complexidade do atual cenário é a introdução da identidade digital. “Com avanços como a IA generativa, o muro [da segurança] vai ter que ficar cada vez mais alto, com formas robustas de autenticar usuários. Se temos uma maneira forte e inviolável de autenticação como a identidade digital, todos os serviços críticos poderão beber desta fonte”, pontua.
“Existir no mundo digital deveria ser uma disciplina de educação básica, trata-se de um aspecto fundamental na formação do cidadão. O governo tem uma grande responsabilidade em trabalhar nessa conscientização, assim como as instituições”, diz Santana. Segundo o head de cibersegurança do C6, potenciais consequências de uma inércia nesta frente incluem uma regressão da digitalização de parte da sociedade, decorrente de experiências negativas com relação à cibersegurança.
“O que não podemos ter é pessoas criando repulsa ao meio digital, não tendo confiança em fazer compras online, por exemplo. É um caminho completamente inverso ao que a humanidade deve seguir”, conclui.
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