A IA generativa deve ser adotada de maneira compartilhada, segura e sustentável

19 de dezembro de 2023

Legislação de IA A trajetória sem precedentes da inteligência artificial não é apenas uma fascinação para entusiastas da tecnologia - agora está atraindo a atenção significativa de formuladores de políticas globais. À medida que 2024 se aproxima, nações líderes, incluindo China, União Europeia, Estados Unidos e Índia, estão moldando diligentemente políticas abrangentes de IA. Seus objetivos principais são: catalisar avanços tecnológicos, atrair investimentos globais e, ao mesmo tempo, proteger sua população de quaisquer repercussões negativas da IA. Conversas dentro da indústria sugerem possíveis sinergias internacionais, indicando que a colaboração global em padrões e normas de IA poderá em breve se materializar.

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A IA é uma responsabilidade compartilhada e que requer uma abordagem integrada, multissetorial e global, construída em alinhamento com as políticas e regulamentações tecnológicas existentes.

A adoção de soluções de Inteligência Artificial (IA) acelerou rapidamente nos últimos meses com a popularização da IA Generativa (GenAI). Semelhante ao que aconteceu com os computadores pessoais, a Internet e os smartphones, a GenAI está transformando a forma como os governos, as empresas e os consumidores usam e aproveitam a tecnologia no dia a dia.

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É importante destacar que essa não é uma iniciativa trivial, dado o potencial que a GenAI tem para transformar a sociedade. De acordo com estimativas da McKinsey & Company, a GenAI deve melhorar o desempenho em funções como vendas e marketing, operações focadas no consumidor e desenvolvimento de software, por exemplo. Este processo pode gerar trilhões de dólares em vários setores da economia.

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Tal qual acontece com qualquer tecnologia adotada globalmente, a IA deve ser explorada e ter seus limites e riscos compreendidos. Esse processo precisar ser fruto da cooperação entre governos, empresas, universidades e sociedade civil, com o poder de propor mecanismos regulatórios para garantir o uso e a implementação responsável de sistemas de inteligência artificial – desde a concepção ao desenvolvimento. Um exemplo disto ocorreu em junho de 2023, quando o Fórum Econômico Mundial lançou a iniciativa AI Governance Alliance, que visa acelerar o desenvolvimento de diretrizes éticas e frameworks de governança global para GenAI, maximizando ao mesmo tempo o valor econômico e social que a tecnologia cria.

Como líder em infraestrutura, computação e armazenamento para GenAI, a Dell Technologies está no epicentro desta tecnologia com uso intensivo de dados e, por isso, aprendeu algumas coisas sobre os princípios orientadores que precisam ser considerados para a sua governança. Acreditamos que qualquer abordagem deve se basear em princípios públicos, seguros e sustentáveis. Isso orienta a nossa abordagem interna e acreditamos que deve servir como modelo para uma regulamentação da IA que garanta o uso de forma responsável, sem ofuscar o seu potencial.

A IA é uma responsabilidade compartilhada e que requer uma abordagem integrada, multissetorial e global, construída em alinhamento com as políticas e regulamentações tecnológicas existentes, especialmente no que diz respeito à privacidade. A segurança e a confiabilidade devem ser exploradas em todos os níveis – desde a infraestrutura até o resultado dos modelos de aprendizado de máquina. Os dados que alimentam a IA, bem como os seus resultados, precisam de ser utilizados para o bem e protegidos contra ameaças.

Em termos de sustentabilidade, existe uma oportunidade de aproveitar a IA, protegendo ao mesmo tempo o ambiente, minimizando as emissões e dando prioridade às fontes de energia renováveis. A IA é uma tecnologia intensiva e exigente em termos de computação e, coletivamente, devemos explorar como usá-la de forma sustentável desde o princípio, uma vez que a procura por suas capacidades só aumentará.

Também é importante ter em mente que a inteligência artificial como domínio tecnológico não é independente de outras áreas importantes, como privacidade, dados, nuvem, segurança, entre outras. A política de IA deve considerar as suas necessidades e o seu impacto no ecossistema tecnológico mais amplo, bem como nas principais partes interessadas. Ou seja, a regulamentação para a IA nunca deve ser criado no vácuo. Além disso, é crucial que os esforços políticos dos governos, das empresas e da sociedade envolvam profundamente a indústria para que não estabeleçam regulamentações em torno de tecnologias obsoletas.

Embora haja um grande interesse em começar a experimentar a GenAI, isso deve ser feito com uma compreensão robusta de quais dados organizações e indivíduos concordam em compartilhar publicamente e o que deve permanecer privado. Essa precaução é importante para garantir que a Propriedade Intelectual (IP) não seja comprometida ou evitar que qualquer outra forma de dados confidenciais e proprietários sejam revelados.

Há caminhos consideravelmente fáceis para selecionar dados com menor risco para alimentar a IA e fornecer ainda assim um conjunto valioso de ferramentas. A redução do risco é vantajosa pois proporcionará valor incremental e aprendizagem para preparar melhor a sociedade para lidar com os problemas mais difíceis neste espaço.

GenAI é uma realidade e acreditamos no seu poder transformador. No entanto, ao mesmo tempo que exploramos o seu potencial, precisamos garantir que governos, empresas e sociedade civil trabalhem em conjunto para que a tecnologia seja usada de forma responsável, através dos princípios de compartilhamento, segurança e sustentabilidade. É nossa responsabilidade coletiva equilibrar a inovação, o bem-estar social e a preservação dos direitos individuais. Afinal, somente através da confiança mútua e do esforço coletivo poderemos extrair o máximo potencial que a IA pode oferecer a todos.

 

Luis Gonçalves é presidente da Dell Technologies para a América Latina.

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