O mercado de e-sports, ou os jogos eletrônicos competitivos, que atrai milhares de pessoas a arenas e torneios, foi um dos destaques da indústria gamer nos últimos cinco anos. Mesmo antes da pandemia, esse ecossistema vinha crescendo de forma acelerada e o consumo digital durante o isolamento potencializou ainda mais o cenário. No entanto, o segmento que movimenta mais de US$ 2 bilhões anualmente vive momentos difíceis assim como grande parte das empresas de tecnologia. As reestruturações de Big Techs como Google, Meta e Amazon também representam a realidade para desenvolvedoras, estúdios e grandes organizações de e-sports pelo mundo.
No Brasil, o contexto é o mesmo, porém, com um diferencial, as principais organizações nacionais de jogos eletrônicos se profissionalizaram e criaram estruturas sólidas de gestão. “No ano passado, eu estava na Califórnia quando a Y Combinator, maior aceleradora de startups do mundo, mandou uma carta para todas as suas empresas parceiras com o tema: ‘The Winter is coming (O inverno está chegando)’. De lá pra cá, praticamente todas as indústrias, como de tecnologia, startups em geral e até as mais tradicionais, vêm passando por uma correção de rota, o que não representa apenas uma crise econômica global, mas também uma crise de organização. Durante a pandemia, tudo foi forçado para se tornar digital, as empresas aumentaram muito seu custo fixo a ponto de sacrificar sua margem de lucro e ficar negativo”, explica Rodrigo Terron, Conselheiro da Los Grandes, atualmente uma das maiores organizações de e-sports do Brasil.
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“No caso dos e-sports, vejo que o cenário continua crescendo, se movimentando e ganhando números, principalmente o lado dos games, onde diversas desenvolvedoras estão batendo recordes com seus torneios, como o CBLOL, MSI, VCT (Valorant) e IEM (CS:GO), que foram uma das competições mais vistas atualmente. Mas, mesmo assim, existe a necessidade de uma correção de rotas, diminuindo os custos fixos, para custos mais coerentes, e trabalhar as margens de lucro de uma forma equilibrada, entre receitas, custos e despesas, que é o que toda empresa precisa”, alerta Terron.
O mercado de e-sports possui um potencial enorme, abordando muitas áreas diferentes, como tecnologia, entretenimento e esportes, com uma base de fãs que atualmente ultrapassa os 230 milhões de pessoas, o que equivale a cerca de 7% da população mundial. Esse número deverá atingir a marca de 1 bilhão de fãs até 2030. “Estamos vivendo um momento da economia mundial muito delicado. A recessão traz impactos negativos para todas as empresas e as organizações de e-sports não são exceção à regra. Por isso, mais do que nunca, é preciso focar na gestão. Processos, gastos inteligentes e um planejamento detalhado e bem controlado em todas as áreas são ferramentas importantes para mantermos a boa saúde das empresas nesse momento.”, diz Roberta Coelho, CEO do time MIBR.
O olhar do CFO nos e-sports
Se o lado competitivo dos games sempre foi destaque deste cenário, agora, as finanças são a bola da vez. Marco Gereto, CFO da Furia, relevante equipe de jogos eletrônicos brasileira, ressalta que o atual momento é de atenção. “O CFO desempenha um papel crucial nesse contexto já que é responsável por garantir a previsibilidade do caixa, trabalhando em conjunto com outros departamentos para formular uma estratégia de negócios e uma visão de longo prazo. Uma empresa bem administrada financeiramente tem maior capacidade de absorver choques do mercado externo.”
Apesar da importância, no cenário, a figura do CFO ainda é rara. “Em vez disso, muitas vezes encontramos profissionais financeiros focados em tarefas operacionais, como contas a pagar, contas a receber e conciliação de caixa. Essas atribuições mais básicas sozinhas não permitem uma visão estratégica abrangente do negócio, colocando a empresa em risco financeiro e prejudicando sua saúde geral.” Para as lideranças de gestão dos times, Marco ressalta: “é importante ter uma visão clara de como monetizar o investimento ao adquirir jogadores com altas multas rescisórias e salários elevados. O mesmo cuidado deve ser aplicado ao contratar celebridades com salários milionários. Também é essencial avaliar cuidadosamente o potencial de retorno antes de investir em uma nova modalidade ou franquia.”
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Tiago Xisto, General Manager da LNK Gaming, prefere não usar a palavra crise, mas ressaltar que o contexto é de transformação. “As principais ligas de e-sports do Brasil se mantêm fortes e sólidas. Temos várias organizações com operações fora do Brasil. Times de CS:GO e Valorant por exemplo com bons resultados internacionalmente. As empresas e projetos mais maduros do ponto de vista de gestão seguem surfando boas oportunidades no Brasil. E temos agências bem estruturadas focadas no segmento. Minha percepção é que teremos sim uma seleção das empresas mais profissionais e competitivas no mercado”, destaca.
Para Xisto, dentre os maiores desafios estão a construção de ambientes atrativos para as marcas, gestão de talentos e a profissionalização do setores comerciais e de projetos. “O mercado de e-sports tem muito o que aprender com modalidades já consolidadas como o futebol e Basquete. A conexão com comunidades e o engajamento das mesmas é onde está o real valor. O desafio é monetizar agregando ganhos para todas as partes: jogadores, publishers e marcas.”
Veja abaixo alguns dos perfis e profissionais que compõem a indústria dos games e e-sports no Brasil:
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Cerol, atleta fundador do Fluxo
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Amanda “Mands” Toledo, influenciadora da B4
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Julia “Jelly” Iris, jogadora de Valorant da Loud
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Bruno “Buzz” Rodrigues, head de e-e-sports da Los Grandes
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Anúncio publicitário -
Sher “Transcuerecer” Machado, streamer da INTZ
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Nicolle “Cherrygumms” Merhy, CEO da BlackDragons e Forbes Under 30
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Bruno “PlayHard” Bittencourt, fundador da Loud e Forbes Under 30
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Rodrigo “El Gato”, fundador da Los Grandes
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Divulgação/Pamela Anastácio Nobru, fundador do Fluxo e Forbes Under 30
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Flakes Power, streamer e Forbes Under 30
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Gorila, além de streamer também é consultor
Cerol, atleta fundador do Fluxo