Ibovespa recua com apreensão sobre efeitos econômicos da Covid-19

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7 de maio de 2020
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Na semana, o desempenho está negativo em 2,97%

O Ibovespa fechou em queda hoje (7), após uma sessão volátil, com as preocupações sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia brasileira e o ambiente político ainda cheio de ruídos minando a influência positiva do cenário externo e do corte acima do esperado da taxa Selic ontem (6).

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,2%, a 78.118,57 pontos, após oscilar da mínima de 78.061,44 pontos à máxima de 80.061,19 pontos, com balanços corporativos também no radar dos agentes financeiros. O volume financeiro alcançou R$ 29,4 bilhões. Na semana, o desempenho está negativo em 2,97%.

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A decisão do Banco Central de reduzir o juro básico do país a 3% ao ano fez o dólar acelerar, chegando a R$ 5,8780 na máxima da sessão no mercado spot, o que deu suporte a ações de exportadoras, em movimento ainda respaldado por dados de comércio exterior da China melhores do que o esperado.

O corte de 0,75% também reforça o ambiente de juros mais baixos no país, que tende a favorecer a migração de recursos para ativos como ações, em busca de mais rendimento.

Mas esses potenciais componentes positivos para o Ibovespa esbarraram em preocupações sobre o tamanho do estrago nas empresas brasileiras, em razão das medidas de confinamento, bem como nas contas do país por causa das ajudas governamentais. Tudo isso tendo de pano de fundo uma cena política mais tensa.

Na quarta-feira, o Senado aprovou o projeto de auxílio a Estados e municípios, que segue à sanção presidencial, que prevê o repasse de R$ 60 bilhões aos entes federativos. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, afirmou nesta quinta-feira que vai vetar parte do projeto.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou mais cedo que empresários alertaram o governo que, mantidas as medidas de contenção ao coronavírus, em 30 dias pode começar a faltar comida e produtos na prateleiras.

“E aí você entra em um sistema não só de colapso econômico, mas de desorganização social”, afirmou na porta do Supremo Tribunal Federal (STF), onde participou ao lado de Bolsonaro e de uma comitiva de empresários de audiência de última hora com o presidente da corte, Dias Toffoli.

Para o analista Ilan Arbertman, da Ativa Investimentos, a declaração alinhada de Bolsonaro e Guedes repercutiu bem, mas não há discurso que tire o risco e a efervescência política do radar dos investidores, que segue penalizando ativos domésticos.

“Tudo isso em um momento frágil da economia do país. Não dá para ignorar ‘termos’ como 10 milhões de empregos perdidos, colapso da economia. Tudo isso tem reforçado o entendimento no mercado de que a retomada da economia pode ser mais demorada do que se previa”, acrescentou.

Nesta quinta-feira, Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, estimou que pode levar dois anos para que a economia tenha recuperação completa da crise do coronavírus. E acrescentou ser impossível salvar todas as empresas.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,15%, apoiado em balanços corporativos, com destaque para os números do PayPal, que ajudaram investidores a desviarem as atenções de mais dados mostrando fraqueza do mercado de trabalho por causa da pandemia de coronavírus. (Com Reuters)

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