Dólar sobe ante real com investidor buscando proteção na moeda

6 de julho de 2020
ReutersConnect/Ricardo Moraes

O dólar subiu a despeito de um dia positivo nos mercados externos, embalados por otimismo com dados na China e nos Estados Unidos

O dólar fechou em alta ante o real hoje (6), depois de chegar a cair mais de 1% no começo do pregão, com investidores buscando proteção na moeda dos EUA diante do menor custo de hedge no mercado doméstico. A moeda norte-americana subiu a despeito de um dia positivo nos mercados externos, embalados por otimismo com dados na China e nos Estados Unidos.

A cotação negociada no mercado interbancário teve alta de 0,59%, a R$ 5,3521 na venda, devolvendo a queda da sessão anterior. A divisa oscilou entre baixa de 1,09%, para R4 5,2626, e alta de 0,70%, a R$ 5,358. Na B3, o dólar futuro ganhava 0,71%, a R$ 5,3595 às 17h11.

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Operadores voltaram a citar o trade “compra de bolsa/compra de dólar” que deu a tônica nos vários meses recentes, já que o hedge via câmbio está mais barato com a Selic nas mínimas históricas. O Ibovespa fechou em alta de mais de 2% nesta segunda-feira (segundo dados preliminares), chegando a superar os 99 mil pontos, o que não ocorria desde março.

O juro baixo é visto como suporte à recuperação da atividade econômica, mas por outro lado torna o real uma moeda menos atrativa em relação a seus pares. A melhora da economia poderia fortalecer o balanço das empresas, elevando os preços das ações, mas o juro nas mínimas manteria o real sob pressão, especialmente diante do aumento de preocupações fiscais.

O Ibovespa e o dólar costumam andar em direções opostas, mas a partir do começo de 2018, quando o juro bateu mínimas, passaram a subir juntos.

Pesquisa Focus do Banco Central divulgada mais cedo mostrou estimativa de contração de 6,50% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Contudo, houve ligeira melhora em relação à taxa de -6,54% da semana passada. Ainda de acordo com a sondagem, o mercado espera dólar de R$ 5,20 ao fim de 2020, pela mediana das projeções.

Na semana passada, o Itaú Unibanco piorou a estimativa para os déficits primários no Brasil em 2020 e 2021, citando despesas com auxílio emergencial neste ano e aumento de gastos sociais no ano que vem. O Itaú vê o dólar a R$ 5,75 ao fim de 2020.

Mas mesmo o cenário para a economia, a despeito de dados recentes acima do esperado, segue turvo, por causa da pandemia. “Alguns elementos sugerem que o Brasil pode estar embarcando em um processo prematuro de abertura, aumentando os riscos de que o controle do surto de Covid-19 acabe demorando mais tempo. Isso implica riscos de queda para nossas previsões fiscais/de crescimento”, disseram analistas do Citi em nota.

Uma economia mais fraca pressionaria os juros para baixo e desestimularia ingresso de capitais ao país, combinação que joga contra a taxa de câmbio.

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Em nota, o Goldman Sachs disse estar “bullish” (otimista) com o peso mexicano na América Latina –e não citou o real. O peso mexicano subia 0,2% nesta sessão.

Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar sobre o combo juro baixo/câmbio desvalorizado como nova realidade para a economia brasileira.

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