Entre agosto e outubro a taxa de desemprego foi a 14,3%, segundo os dados divulgados hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou bem acima da taxa de 13,8% vista no trimestre imediatamente anterior, de maio a julho, mas cedeu ante os 14,6% vistos no trimestre até setembro, máxima da série histórica da Pnad Contínua iniciada em 2012.
O desemprego vem permanecendo em níveis extremamente altos no Brasil como consequência das medidas de contenção ao coronavírus, sendo o mercado de trabalho normalmente o último a se recuperar de crises.
No período, o Brasil tinha 14,061 milhões de desempregados, um aumento de 7,1% sobre os três meses imediatamente anteriores e de 13,7% ante o mesmo período de 2019.
O resultado reflete o fato de as pessoas terem passado a sair mais para procurar emprego diante do relaxamento das medidas de contenção.
“Esse cenário pode estar relacionado a uma recomposição, ao retorno das pessoas que estavam em afastamento. Nesse trimestre percebemos uma redução da população fora da força de trabalho e isso pode ter refletido no aumento de pessoas sendo absorvidas pelo mercado de trabalho e também no crescimento da procura por trabalho”, explicou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
“Ao longo do ano, acompanhamos a expansão da população fora da força de trabalho, de pessoas se retirando do mercado de trabalho, e nesse momento percebemos o retorno de parcela desses trabalhadores”, completa.
Beringuy alerta entretanto que na comparação com o mesmo período de 2019 ainda há queda na ocupação.
Os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada somavam 29,769 milhões nos três meses até outubro, de 29,385 milhões nos três meses imediatamente anteriores.
Os que não tinham carteira assinada no período eram 9,470 milhões, de 8,691 milhões antes, mostraram os dados do IBGE, destacando que a maior parte do aumento no número de ocupados no período veio exatamente do trabalho informal, que soma os profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) ou sem remuneração (auxiliam em trabalhos para a família).
Entre as atividades, quatro dos dez grupos observados na pesquisa se destacaram com crescimento na ocupação ante o trimestre anterior – Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (3,8%), Indústria (3,0%), Construção (10,7%) e Comércio e reparação de veículos automotores (4,4%).
“Na leitura geral, o mercado de trabalho vem apresentando uma trajetória benigna. Tanto o Caged em novembro quanto a Pnad Contínua em outubro reforçam uma boa recuperação dos empregos destruídos no início da pandemia”, avaliaram analistas da XP em nota, acrescentando que a maior fonte de incerteza para o mercado de trabalho é o fim da ajuda do governo às empresas e famílias. (Com Reuters)
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