Ibovespa encerra último pregão do ano em queda, mas sobe 2,9% em 2020

30 de dezembro de 2020

O Ibovespa encerrou o último pregão de 2020 em leve queda, recuando 0,33% aos 119.017 mil pontos em realização de lucros após os recentes ganhos. No mês de dezembro, o índice brasileiro avançou 6,3% na esteira do início das vacinações em diferentes partes do mundo e, consequentemente, das perspectivas mais positivas para a recuperação econômica. Em 2020, o Ibovespa acumulou alta de 2,9%, o quinto ano seguido de valorização.

No início da sessão, o benchmark chegou a operar acima da marca história dos 120 mil pontos, mas a tendência foi revertida após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, conceder liminar mantendo em vigor trechos da lei que instituiu medidas de caráter sanitário e excepcional de combate à pandemia do coronavírus. Apesar da decisão não ter qualquer relação com as medidas orçamentárias e financeiras adotadas no mesmo contexto, como o auxílio emergencial, a notícia ampliou o movimento de correção técnica no pregão.

No pregão de hoje, o otimismo dos investidores foi alimentado pela aprovação no Reino Unido da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca, farmacêutica que tem acordo com o governo brasileiro para o fornecimento de doses do imunizante ao país. Também hoje, líderes da União Europeia e do Reino Unido assinaram o documento que oficializa o acordo comercial para o pós-Brexit, resultado de meses de negociações entre as partes.

“Com a continuidade dos programas de vacinação, caso se mostrem bem sucedidos e levem a reaberturas céleres ao redor do mundo, estamos otimistas com as bolsas para o ano que vem. A expectativa é que o Ibovespa chegue em 2021 em 130 mil pontos. Os pontos de atenção que podem mudar essa expectativa são eventuais atrasos nos programas de vacinação, que levariam a uma lentidão maior na recuperação econômica; o risco inflacionário, com muito dinheiro circulando na economia e, especificamente no Brasil, o risco fiscal. Tudo isso deverá ser monitorado de perto e os investidores devem ter carteiras diversificadas, com posições em ativos reais e protegidas da inflação, para lidar com a possível volatilidade”, explica Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

Fortemente impactada pelas incertezas abertas pela pandemia, o rally da Bolsa nas últimas semanas encontrou suporte ainda na consolidação do resultado das eleições norte-americanas com a confirmação da eleição de Joe Biden, além dos avanços em temas como o acordo pós-Brexit e a aprovação de um novo pacote de recursos financeiros para a economia dos EUA. No cenário doméstico, no entanto, o risco fiscal segue preocupando o mercado e jogando contra o desempenho do Ibovespa.

“O risco fiscal é questão chave para continuidade ou não desse rally, já que nada mudou em relação a isso. O mercado deixou o risco fiscal um pouco de lado nos últimos 90 dias, tivemos fluxo do exterior, com alocação de muitos recursos no Brasil e em outros mercados emergentes, mas esses ganhos podem voltar se o investidor, principalmente o estrangeiro, perceber que essas questões não serão endereçadas. Em 2021, se a dinâmica fiscal evoluir, é Bolsa pra cima e câmbio (real) apreciado em relação ao dólar”, avalia Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos.

O dólar comercial fechou próximo da estabilidade nesta quarta-feira, recuando 0,01% contra o real e negociado a R$ 5,18 na venda. No mês de dezembro, a divisa perdeu 2,03%. Em 2020, no entanto, a moeda valorizou mais de 29%, deixando o real com o segundo pior desempenho global no ano em um contexto de crise em função da pandemia, juros locais extremamente baixos e incertezas fiscais persistentes.

Em Wall Street, os índices também fecharam em alta apoiados nas perspectivas mais otimistas para o próximo ano, apesar do senador republicano, Mitch McConnell, ter afirmado nesta tarde que não colocará em votação o projeto que prevê o aumento do auxílio financeiro de US$ 600, para US$ 2 mil aos cidadãos norte-americanos. O Dow Jones encerrou o dia em alta de 0,24%, o S&P 500 subiu 0,13% e o Nasdaq Composite terminou a sessão valorizado em 0,15%.

Apesar dos ganhos em Nova York, a segunda onda de covid-19 segue batendo recordes nos EUA. Apenas ontem, o país registrou 3,725 mil mortes pelo vírus e 247 mil registros de novas contaminações. Mais de 338 mil norte-americanos já morreram em função do coronavírus. (Com Reuters)

DESTAQUES DO IBOVESPA

Maiores Altas
CIEL3: +5,82% a R$ 4,00
AZUL4: +4,33% a R$ 39,30
CVCB3: +4,31% a R$ 20,58
PRIO3: +3,49% a R$ 70,19
KLBN11: +3,48% a R$ 26,47

Maiores Baixas
USIM5: -3,12% a R$ 14,61
SANB11: -2,99% a R$ 44,83
VVAR3: -2,53% a R$ 16,16
CCRO3: -2,18% a R$ 13,47
CSNA3: -2,15% a R$ 31,85

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