A alimentação é parte importante da vida dos brasileiros. Segundo dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares publicada pelo IBGE entre 2017 e 2018, os gastos com alimentação aparecem em terceiro lugar –o que corresponde a 17,5%– na lista de despesas da população, estando atrás apenas dos gastos com habitação e transporte.
Ingredientes tidos como mais saudáveis já são tendência há algum tempo e agora uma outra pesquisa vem corroborar o dado. Um estudo realizado pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), apoiado pela DuPont Nutrition & Biosciences e com participação de outras 60 empresas da indústria alimentícia, com executivos do setor mostrou que 73% dos consultados acreditam que os produtos de linhas saudáveis serão os principais impulsionadores dos negócios no país nos próximos meses.
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“É um processo que já começou há alguns anos e as pessoas sabem que precisam ter um estilo de vida mais saudável para viver mais tempo e melhor. Nós da indústria de alimentos temos um papel importantíssimo. Precisamos saber quanto, quando e como comer”, afirma Zacarias Karacristo, presidente da DuPont do Brasil e líder regional de alimentos e bebidas do conglomerado químico.
De forma geral, as tendências ranqueadas no topo da lista mostraram que a busca por uma maior saudabilidade dos alimentos esteve presente em diversas ramificações. Os terceiro e quarto lugares foram ocupados pela busca de alimentos e bebidas à base de vegetais (54,5% das menções) e por uma alimentação orgânica e mais sustentável (45,5%) respectivamente.
A segunda tendência mais mencionada na pesquisa foi os serviços de delivery e food service no geral. Essa categoria foi alavancada pela pandemia de Covid-19 e pelo aumento de pessoas fazendo home office. E, embora possa parecer contraditória a busca por um estilo mais saudável e o aumento das compras de comidas prontas, Karacristo relembra que hoje em dia existem deliveries dos mais variados tipos de alimentos. Além disso, as próprias redes de fast food estão investindo em opções mais saudáveis e naturais.
A rede Arcos Dorados, controladora do McDonald’s no Brasil, concluiu ano passado o processo de substituição de corantes e aromatizantes artificiais de alguns dos principais ingredientes dos produtos vendidos. “Nos últimos 10 anos, trabalhamos para reduzir calorias, sódio e açúcar de diversos itens. Agora já somamos 14 ingredientes que não possuem mais corantes e/ou aromatizantes artificiais”, afirma Paulo Camargo, CEO da divisão Brasil da rede.
Sustentabilidade, tecnologia e sabor
Comer bem significa também escolher alimentos que provenham de cadeias de produção e distribuição alinhadas com pautas ESG. Uma das grandes preocupações da indústria alimentícia é desenvolver tecnologias que produzam alimentos com menores teores de gorduras, sódio e calorias, mas que ainda mantenham o sabor e a textura que o consumidor final espera. A pesquisa da Amcham mostra que 41% dos executivos participantes acreditam que em 2021 as marcas estarão mais envolvidas em pautas de responsabilidade coletiva.
Deborah Vieitas, CEO da Amcham Brasil, pontua que as novas regras de rotulagem que devem entrar em vigor a partir de 2022 vieram para alavancar esse processo. As novas políticas foram resultado de extensas pesquisas, consultas públicas e o trabalho conjunto de órgãos reguladores, associações da indústria e consumidores. Karacristo diz que essa é uma mudança que irá forçar a indústria a seguir uma linha mais saudável, o que vai exigir que o setor invista em pesquisa e novas tecnologias que não impactem no valor final dos alimentos que chegam às prateleiras dos supermercados.
Segundo Camargo, a Arcos Dorados investe em diversas estratégias que visam promover um futuro mais sustentável, como diminuição do uso de plásticos nos restaurantes, implementação de projetos de eficiência energética e parceria com cooperativas para reaproveitamento de óleo vegetal como biodiesel. “Nossos fornecedores devem seguir padrões de qualidade e segurança alimentar, observando as boas práticas trabalhistas, direitos humanos, bem-estar animal e gestão ambiental”, completa o executivo.
Outra preocupação dos consumidores é relacionada ao consumo de carne. Nesse sentido, os produtos à base de vegetais são grandes aliados na busca por uma produção mais sustentável, já que 95% dos consultados acreditam que esses esforços trarão impactos reais em 2021. Segundo dados da pesquisa “Soy Protein: Impacts, Production and Applications” (Proteína de Soja: Impactos, Produção e Aplicação em português), a produção de proteína de soja utiliza 42 vezes menos água do que a proteína animal. Do ponto de vista do consumidor, isso significa que deixar de consumir carne uma vez por semana emite 123 kg a menos de CO2 em um ano.
Deborah afirma que o Brasil tem papel importante nessas transformações por ser um país mundialmente reconhecido pela capacidade tecnológica e protocolos de segurança. Esses recursos abrem espaço para cooperações estratégicas que promovem comércio internacional, segurança alimentar e sustentabilidade.
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