Repercussão: especialistas comentam impactos para o mercado da crise nos EUA

7 de janeiro de 2021
Samuel Corum/GettyImages

Congresso norte-americano foi invadido ontem (6) por manifestantes pró-Trump

Centenas de apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invadiram ontem (6) o Capitólio, localizado em Washington, em uma tentativa de reverter a derrota eleitoral do republicano contra o democrata Joe Biden. O próximo presidente norte-americano deve tomar posse no dia 20 de janeiro.

Os desdobramentos dos fatos ainda são incertos. Faltando 13 dias para o fim da administração atual, parlamentares democratas cogitam um pedido de impeachment contra Trump. “Não podemos permitir que ele continue no poder, é uma questão de preservar a nossa República, e precisamos cumprir nossos votos”, afirmou a deputada Ilhan Omar, do estado de Minnesota, no Twitter.

Especialistas ouvidos pelo Forbes Money comentam os possíveis impactos das incertezas na maior economia global para o mercado de ações:

Para o especialista em economia Arthur Igreja, para além dos protestos, os fatos políticos de ontem (como a confirmação da maioria democrata no Congresso) afetam positivamente as bolsas mundiais, principalmente os índices norte-americanos. “O mercado tem aversão a incertezas e instabilidades, e é exatamente o que o Trump faz. Os investidores estão atentos às expectativas de mares mais tranquilos com Biden, em razão disso, o mercado de ações será puxado para cima”.

O economista e professor do Insper, Roberto Dumas, também acredita que as bolsas podem seguir em viés positivo, já que as taxas de juros reais (que descontam a inflação) estão negativas. Dessa forma, os investidores irão para a bolsa “de qualquer jeito”. Além disso, ele analisa que “com os democratas coordenando as duas Casas, será possível aplicar novas políticas fiscais expansionistas, o que pode tirar a economia norte-americana da recessão”.

Victor Scalet, estrategista macro da XP Investimentos, explica que, nos Estados Unidos, não é comum impasses políticos impactarem no preço dos ativos. Dessa forma, ele avalia que o mercado segue olhando para os novos estímulos que podem ser aprovados na administração Biden, deixando de lado questões como a invasão do Capitólio.

Silvio Paixão, economista e professor da Fipecafi, ressalta que o desconforto criado pela contestação da eleição de Joe Biden pode fazer com que o mercado ande de lado até fevereiro. Ele ressalta que existem dois pontos importantes a serem decididos, que podem impactar as bolsas positivamente ou negativamente: “os Estados Unidos precisam resolver a transmissão do cargo de presidência e o próximo presidente (Joe Biden) precisa apontar medidas econômicas que ajudem o mercado. Até que sejam decididos os dois pontos, haverá uma tendência de queda, mas nada expressivo”.

Luciana Ikedo, CEO da Ikedo Investimentos, ressalta que o mercado financeiro trabalha com previsibilidade e tudo o que possa afetar essa premissa, gera instabilidade e traz volatilidade. Ela destaca que questões mais intensas no mercado norte-americano, por se tratar do principal no mundo, podem sempre afetar os demais mercados globais.

Contexto

O Congresso dos EUA votava ontem a confirmação dos resultados de novembro dos colégios eleitorais, quando o Capitólio foi invadido por apoiadores do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Vídeos mostram os manifestantes quebrando janelas e policiais, em menor número, tentando conter o avanço dos apoiadores no prédio. Uma pessoa morreu após ser baleada durante o confronto, segundo a polícia local. O FBI informou ter desarmado dois explosivos.

Os manifestantes desfilaram pelos salões do Congresso com armas e gás lacrimogêneo, revirando documentos na bancada e em escritórios no Capitólio, enquanto entoavam palavras de ordem sobre a “vitória” de Trump nas urnas. Nos últimos dias, os manifestantes foram incentivados pelo presidente a comparecer na sessão de ontem em Washington via publicações nas redes sociais e em aparições públicas de Trump. O presidente segue alegando (sem apresentar provas) fraude no processo eleitoral, apesar dos votos terem sido recontados a pedido do comitê republicano.

O chefe da Polícia Metropolitana de Washington, Robert Contee, afirmou que a multidão utilizou produtos químicos para atacar a polícia e que vários agentes ficaram feridos. A invasão de ontem foi o ataque mais grave ao icônico prédio desde que o exército britânico o queimou em 1814, de acordo com a Sociedade Histórica do Capitólio dos Estados Unidos.

O senado retomou a sessão de certificação dos colégios eleitorais ainda noite de ontem, por volta das 19h30, horário de Brasília, após a polícia retirar os manifestantes do local. Joe Biden foi certificado durante a madrugada e toma posse no próximo dia 20. Após o resultado e isolado pelos republicanos, Trump se comprometeu a realizar uma transição pacífica.

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