A Dapper Labs arrecadou US$ 305 milhões em uma rodada liderada pela empresa de investimentos focada em tecnologia Coatue, avaliando a startup de apenas três anos em US$ 2,6 bilhões, disse à Forbes uma pessoa com conhecimento do negócio. A rodada traz o financiamento total levantado pela startup sediada em Vancouver para US$ 357 milhões.
LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações
Essa é também uma grande aposta nos NFTs, ativos digitais não fungíveis que podem ser comprados e vendidos usando a tecnologia de registro distribuído, conhecida como blockchain. Para a NBA Top Shot, isso significa vender destaques de vídeos – ou momentos, como ela os chama – que são montados pela NBA e vendidos em pacotes como uma espécie de card esportivo digital. Os preços dos pacotes variam de acordo com a raridade dos clipes e variam de US$ 9 a US$ 230 por três a dez, ou mais, momentos registrados.
A Dapper Labs também recebe uma parte das negociações feitas entre os usuários, arrecadando 5% de cada transação no mercado secundário, como no “momento” do astro LeBron James, que foi negociado por US$ 208 milhões no último mês. Os preços são voláteis, influenciados noite após noite pelo desempenho dos jogadores, lesões, negócios ou, ainda, pelo volume das negociações. Mas a demanda está crescendo: nos últimos 30 dias, a Top Shot intermediou mais de US$ 200 milhões em negociações secundárias, um ritmo que implica em taxas de US$ 120 milhões anuais para a Dapper Labs, além do dinheiro que arrecada com as vendas dos pacotes de serviços. Até o momento, isso totalizou quase US$ 49 milhões, de acordo com os preços e quantidades listadas em seu website. A empresa divide todos os recursos com a NBA e com a National Basketball Players Association.
Mirando no crescimento e adoção de criptomoedas como o bitcoin, o mercado de NFT quase quadruplicou de valor em 2020, chegando a US$ 250 milhões, de acordo com um relatório do site News Bitcoin, com varejistas e empresas de entretenimento explorando possibilidades. Mas esse foi apenas o começo. Artistas musicais, incluindo Mike Shinoda e Kings of Leon, lançaram músicas ou álbuns inteiros como NFTs nas últimas semanas. A mania culminou neste mês na venda de US$ 69,3 milhões de uma composição feita por Mike Winkelmann, artista digital conhecido como Beeple, em um leilão da Christie’s.
“Não havia como ter previsto isso, e se alguém disser que sim, estaria mentindo”, diz Andre Iguodala, veterano do Miami Heat, que inicialmente investiu no Dapper Labs no verão passado e também se juntou à nova rodada de financiamento.
Outros investidores nesta rodada incluem Andreessen Horowitz, Chernin Group, Union Square Ventures e Venrock, bem como dois donos de times da NBA: a lenda do basquete Michael Jordan, dono do Charlotte Hornets, e Vivek Ranadivé, do Sacramento Kings. Mais de 30 atletas profissionais, como o atacante do Brooklyn Nets, Kevin Durant, o terceiro base do St. Louis Cardinals, Nolan Arenado, e o recebedor do Buffalo Bills, Stefon Diggs, também participaram da rodada.
A Top Shot não é a primeira tentativa de Gharegozlou em um negócio voltado para NFTs. Um esforço anterior, com um jogo chamado CryptoKitties, que permitia aos usuários coletar e criar gatos como NFTs, sobrecarregou o blockchain ethereum em que operava. O custo para concluir uma transação estava vinculado ao tráfego no sistema e, com a sobrecarga, esse custo disparou de frações de centavos para vários dólares. O interesse do usuário diminuiu rapidamente.
“O volume de transações que realizávamos em um ano, fazemos agora em um dia na Top Shot”, diz o CEO da Dapper Labs sobre a diferença com os CryptoKitties. A Warner Music Group e a desenvolvedora de jogos, Animoca, estão entre as empresas que desenvolvem produtos no Flow, enquanto o marketplace de criptomoedas VIV3.com já roda na plataforma.
Contudo, ainda existem desafios para a Top Shot. Os usuários têm reclamado de atrasos no lançamento de pacotes e interrupções no site, bem como de bots, (um problema onipresente no e-commerce que contribuiu para longas filas que desencorajam alguns aspirantes a colecionadores). O lançamento de um pacote gerou uma fila de 400 mil usuários, muitos deles acabaram de mãos vazias. O processo de saques das contas também gerou críticas de lentidão devido à exigência da empresa de que os usuários sejam confirmados antes de poder retirar dinheiro. A regra tem como objetivo evitar a lavagem de dinheiro e manter a empresa em conformidade com os regulamentos financeiros, mas o recente aumento na base de usuários gerou um grande acúmulo para a equipe de aprovação, o que significa que dezenas de milhares de usuários tinham dinheiro em suas contas da plataforma que não poderia ser transferido para o mundo real.
Gharegozlou diz que nas últimas duas semanas, a Top Shot reduziu o número de tickets de serviço em 90% e quadruplicou o tamanho de sua equipe de proteção e conformidade contra fraudes, com planos de dobrar novamente na próxima semana. A empresa também escreveu em seu blog no último sábado (27) que o número de usuários com permissão para saques ultrapassou 28 mil, um aumento de 450% em quatro semanas. A Dapper, por sua vez, experimentou limitar o número de novos usuários e a frequência das negociações para resolver alguns dos problemas associados ao fluxo de usuários.
“Não estamos focados em apressar as coisas, copiando e colando estratégias”, afirma o empresário. “Entendemos porque a Top Shot funciona, e isso se tornará uma economia sustentável, isso é realmente endêmico para o basquete”, acrescentando que “nós queremos ser, você sabe, a moeda do fandom”, em referência à expressão utilizada para designar o “reino dos fãs”.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.