Ibovespa fecha em alta com suporte da Vale, mas ruídos políticos seguem no radar

29 de março de 2021

O Ibovespa encerrou o pregão de hoje (29) em alta de 0,56% aos 115.418 pontos, numa sessão marcada por altos e baixos no índice brasileiro e volume de negociações aquém da média do mês, com Vale e Petrobras entre os destaques positivos, enquanto os ruídos políticos domésticos pesavam no mercado de ações.

No suporte altista, os preços do petróleo foram impulsionados hoje por expectativas de que a Opep+ possa manter sua produção estável em maio, enquanto os preços do minério encontraram apoio em lucros elevados na indústria chinesa, que saltaram 179% nos dois primeiros meses do ano na comparação anual, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas divulgados no último sábado (27).

No contexto doméstico, o Orçamento de 2021 segue em disputa em Brasília e no foco dos investidores. De acordo com a XP Investimentos, as despesas obrigatórias do governo, como o pagamento de servidores, por exemplo, estão subestimadas entre R$ 30 e R$ 40 bilhões no orçamento aprovado pelo Congresso, aumentando as chances de paralisação da máquina pública.

O presidente Jair Bolsonaro deve enviar ao Congresso um projeto de lei de crédito suplementar cancelando despesas, entre elas emendas propostas aos parlamentares. “O envio de um novo projeto de lei recompondo as despesas obrigatórias e cancelando parte das emendas poderia gerar desgaste político”, avalia o time de política da XP.

Ainda no cenário político, o mercado acompanhou hoje notícias sobre um possível pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A informação ainda não confirmada pelo Palácio. O chanceler entrou em disputa com o Senado no fim de semana, afirmando no Twitter ser pressionado para adotar uma postura favorável à China no leilão do 5G. Na última semana, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediram abertamente a demissão de Araújo. Também pediu demissão hoje o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que deixou o cargo nesta tarde sem alegar o motivo.

O dólar começou a semana em alta frente ao real, subindo 0,44% e negociado a R$ 5,76 na venda, máxima em três semanas, influenciado pela força da moeda no exterior e pela possibilidade de uma reforma ministerial e suas consequências para governabilidade em Brasília.

Em Wall Street, as ações do setor financeiro lideraram as quedas em meio a alertas de potenciais perdas bilionárias com o calote de um hedge fund que não cumpriu chamadas de margem. O impacto, no entanto, foi limitado pelo otimismo com a retomada da economia após mais Estados norte-americanos ampliarem a vacinação para outros grupos etários no país.

Uma chamada de margem é quando um banco pede a um cliente que forneça mais garantias se uma transação parcialmente financiada com dinheiro emprestado cair drasticamente em valor. Se o cliente não puder fazer isso, o credor venderá os ativos para tentar recuperar o que é devido.

O Nomura, maior banco de investimentos do Japão, alertou hoje que enfrenta uma possível perda de US$ 2 bilhões devido a transações com um cliente norte-americano, enquanto o Credit Suisse disse que o não cumprimento de chamadas de margem por um fundo com sede nos EUA poderia ser “altamente significativo e substancial” para o resultado do primeiro trimestre.

Duas fontes disseram que as perdas do Credit Suisse provavelmente serão de pelo menos US$ 1 bilhão, enquanto o Financial Times projeta perdas de até US$ 4 bilhões. O Credit Suisse não quis comentar as estimativas.

No fechamento, o Dow Jones avançou 0,30% aos 33.171 pontos, enquanto o S&P 500 terminou o dia em queda de 0,09% aos 3.971 pontos e o Nasdaq perdeu 0,60% aos 13.059 pontos. (Com Reuters)

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