As discussões de supervisão, que ainda não tinham vindo a público, destacam como reguladores dos EUA estão se movimentando para executar a agenda do presidente Joe Biden de incorporar o risco climático ao sistema regulatório financeiro, com potenciais desdobramentos importantes para Wall Street.
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Autoridades do BC dos EUA já afirmaram que estão considerando uma nova análise de cenário para ajudá-los a entender como mudanças climáticas podem afetar ativos bancários no valor de trilhões de dólares, mas não disseram como ou quando começariam a aplicar esses testes.
Em discussões particulares, no entanto, os supervisores do Fed começaram a pressionar grandes credores para detalhar medidas que estão tomando para entender como suas carteiras de empréstimos se comportariam em certos cenários de mudança climática, disseram as quatro pessoas.
As autoridades do Fed não ditaram os parâmetros para a análise, mas deixaram claro que esperam que as instituições conduzam os exercícios internos de gerenciamento de risco e entreguem os dados, segundo essas pessoas.
O objetivo é identificar riscos, mas o Fed não indicou que os dados a serem coletados se traduziriam em quaisquer requerimentos adicionais de capital ou outras ações regulatórias. “Eles estão sendo muito pragmáticos. Estão fazendo o dever de casa”, disse uma das pessoas.
Bancos globais vêm explorando as implicações das mudanças climáticas há algum tempo, tanto internamente quanto ao lado de reguladores europeus – como o Banco da Inglaterra -, que estão integrando de forma mais agressiva os riscos das mudanças climáticas à estrutura regulatória.
No entanto, o novo controle climático do banco central dos EUA aumenta a pressão sobre os credores de Wall Street, forçando-os a fazer investimentos em tecnologia, gerenciamento de dados e pessoal. “O trabalho de dados é importante”, disse outra das fontes.
Testes de estresse
A mudança climática pode afetar o sistema financeiro porque ameaças físicas, como a elevação do nível do mar, políticas e tecnologias neutras em carbono destinadas a desacelerar o aquecimento global, podem destruir trilhões de dólares em ativos, dizem especialistas em risco.
Em um relatório de 2020, um painel da CFTC (Comissão de Negociação dos Futuros das Commodities, na sigla em inglês) trouxe estimativas de que US$ 1 trilhão a US$ 4 trilhões de riqueza global ligada a ativos de combustíveis fósseis poderiam ser perdidos.
Em março, Lael Brainard, autoridade do Fed, disse que os testes de cenário climático poderiam ser “úteis”, mas também dependeriam de julgamentos qualitativos e seriam altamente incertos.
O chair do Fed, Jerome Powell, tem dito que a instituição vai agir com cuidado e se concentrar em incorporar as mudanças climáticas às obrigações regulatórias existentes em vez de criar novas e rigorosas regras.
Não está claro, porém, se ele será reconduzido para comandar o Fed depois que seu mandato se encerrar no ano que vem, enquanto o vice-chair, Randal Quarles – que foi nomeado pelos republicanos e supervisiona a regulamentação bancária – deve deixar o banco central neste ano.
Tim Clark, uma ex-autoridade sênior do Fed que ajudou a construir os testes de estresse após a crise financeira de 2008, disse que a autoridade monetária deveria comunicar publicamente que espera que os bancos incorporem as mudanças climáticas em seus processos de gestão de risco.
“Isso é algo que eles (do Fed) podem basicamente começar agora e deixar claro para a indústria que esperam que os bancos trabalhem duro nisso.” (com Reuters)
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