Anne Wojcicki, cofundadora e CEO da 23andMe, detém pelo menos 99 milhões de ações da empresa. Ontem (17) pela manhã, os papéis eram negociados na Nasdaq a US$ 11,21, sob o ticker ME. Portanto, a fatia de Anne já valia aproximadamente US$ 1,1 bilhão. Hoje (18), perto das 10h45, horário de Brasília, a ação era negociada a US$ 12,80.
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Ela é a primeira mulher a se tornar bilionária a partir da fusão com uma empresa SPAC, e a segunda mulher americana a se tornar bilionária em 2021 como resultado de um SPAC ou IPO. A primeira foi a Whitney Wolfe Herd, criadora do aplicativo Bumble, que se tornou a mais jovem empreendedora mulher bilionária em fevereiro.
Foi também em fevereiro que a 23andMe anunciou que iria se fundir com a VG Acquisition Co para abrir capital, em vez de buscar por um IPO tradicional. O número de pessoas que recorrem a SPACs para abertura de capital disparou em 2020, estabelecendo-se como uma estratégia de baixo risco para que os patrocinadores pudessem ganhar dinheiro. Companhias SPAC também são conhecidas como “empresas de cheque em branco”.
Em 2021, 343 empresas já abriram capital desta maneira, arrecadando até o momento US$ 107 bilhões, de acordo com a SPAC Analytics. Clover Health, Hims e Sharecare foram outras companhias da área da saúde que aproveitaram negócios com SPACs neste ano. No entanto, o fervor da modalidade parece ter esfriado nos últimos meses.
Porém, a receita da empresa despencou nos últimos anos e está se afogando em tinta vermelha. Foi registrada perda de quase US$ 117 milhões em receitas em nove meses, de março a dezembro de 2020.
Antes disso, a receita no ano de 2020 já havia caído 30%, até março, para US$ 305 milhões. Abaixo dos US$ 441 milhões do ano anterior, de acordo com os documentos da empresa. Em janeiro de 2020, antes da pandemia, a 23andMe demitiu 100 funcionários – 14% de seu quadro.
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O sucesso a longo prazo da 23andMe provavelmente dependerá de sua capacidade de transição de uma empresa de testes genéticos para uma empresa de desenvolvimento de medicamentos. Até agora, foram fechados acordos com a gigante farmacêutica GSK e a empresa espanhola Almirall, para criação de medicamentos desenvolvidos a partir de dados genéticos de usuários da própria 23andMe. No passado, a empresa também disse que há planos de desenvolver medicamentos internamente.
“Não acredito que haverá grandes receitas em um futuro próximo, a partir de sua divisão de desenvolvimento terapêutico”, disse Kaia Colban, analista de biotecnologia da Pitchbook. “É definitivamente um investimento de longo prazo, então acho que podemos ver alguma hesitação em investir nele.”
Dito isso, Kaia destaca que várias empresas de testes genéticos, incluindo a Color e Helix, levantaram novas rodadas de financiamento neste ano, indicando que os investidores ainda estão otimistas com o setor.
Embora alguns médicos continuem a expressar ceticismo acerca da confiabilidade de certos testes de saúde, isso não impediu a empresa de vender mais de 10 milhões de seus kits de exames genéticos. Segundo Kaia, 80% das pessoas que fazem estes testes optam por deixar que a 23andMe use seus dados para o desenvolvimento de medicamentos.
Ou seja, isso permite que a empresa crie um enorme banco de dados genéticos de graça. É esse banco de dados que pode conter a chave para novos medicamentos – pelo menos, essas são as esperanças da CEO Anne. Até então, ela continua entre as mulheres mais ricas do mundo.
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