Ele estava trabalhando em uma revisão do livro para lançar na comemoração de 20 anos da publicação quando foi morto por um motorista alcoolizado. Sua filha Sarah Stanley Fallaw finalizou o trabalho, que foi lançado em 2019 com o título “O novo milionário mora ao lado – estratégias duradouras para ficar rico”.
Há uma enorme diferença entre parecer e ser efetivamente rico. Thomas Stanley criou o conceito de acumulação de riqueza versus renda, separando seus pesquisados entre subacumuladores de riqueza (SARs) e prodigiosos acumuladores de riqueza (PARs), comparando quanto cada pessoa consegue guardar em relação àquilo que ganha.
Na mesma pesquisa, foi solicitado que os participantes estimassem seu patrimônio líquido. O patrimônio médio dos generalistas foi de R$ 203 mil e dos especialistas de R$ 538 mil. O patrimônio dos homens foi de R$ 582 mil e das mulheres R$ 303 mil. A pesquisa também fez um corte por gerações: os millennials têm um patrimônio de R$ 356 mil, a geração X tem um patrimônio de R$ 567 mil e entre os baby boomers o patrimônio médio é de R$ 709 mil.
Thomas Stanley tem uma regra para estimar o patrimônio líquido esperado que é:
Patrimônio líquido esperado = idade x renda x 0,1
Essa não é uma constatação nova. Em 1992, um artigo da Medical Economics intitulado “Por que você não é tão rico quanto deveria” demonstrou que, embora o médico americano típico ganhasse dinheiro suficiente para ser realmente rico, a maioria tinha um patrimônio muito abaixo do esperado.
Mas será que esse problema é exclusivo dos médicos? Certamente não é o que as pesquisas dos Stanleys demonstram e o que eu percebo nos meus mais de 30 anos de trabalho na área de finanças pessoais no Brasil.
Em algumas profissões, as pessoas são induzidas a manter determinados padrões de consumo extremamente dispendiosos, o que afeta negativamente a acumulação de riqueza. É esperado, por exemplo, que médicos, arquitetos, dentistas, analistas financeiros, executivos de grandes empresas e juízes tenham gastos elevados com roupas, casas, carros e frequentem locais igualmente dispendiosos. Assim, o estilo de vida acaba consumindo uma parte expressiva da renda e sobra pouco para aumentar o patrimônio.
Por isso, tenha muito cuidado. Existe uma enorme diferença entre parecer rico e ser rico. Eu aprendi a julgar a riqueza das pessoas pela resposta à pergunta “quanto tempo mais?”. Ou seja, se a pessoa parasse de trabalhar hoje, quanto tempo poderia se sustentar com seu patrimônio e com eventuais rendas como pensões públicas, planos de previdência privada ou outras rendas garantidas?
Então, para saber quão rico você é, estime quantos anos seu patrimônio e suas rendas não advindas do trabalho podem lhe sustentar. Quando seu patrimônio puder lhe manter até alguns anos após sua expectativa de vida, você será rico. E aqui outro ponto muito importante que costuma ser negligenciado: quando olho em uma tábua de mortalidade, descubro que minha expectativa de vida vai até os 81 anos, porém é preciso olhar com muito cuidado para a expectativa de vida.
Dizer que os homens nascidos em 1961 ainda têm 21 anos de expectativa de vida significa dizer que a metade vai morrer antes dos 81 e a metade vai viver muito além dessa idade. Portanto, é bom ter uma boa margem de folga antes de pensar em se aposentar.
Então tenha muito cuidado com o estilo de vida que você leva, ele pode gerar graves problemas no futuro. Reflita muito se todos os gastos com status social realmente trazem retorno em faturamento e lembre-se: uma vida rica está muito longe de ser uma vida cara.
Jurandir Sell Macedo Jr é doutor em finanças comportamentais, professor universitário e, desde 2003, ministra na Universidade Federal de Santa Catarina a primeira disciplina de finanças pessoais do Brasil. É autor de inúmeros livros sobre educação financeira e tem pós-doutorado em psicologia cognitiva pela Université Libre de Bruxelles. Escreve sobre Finanças 50+ sempre às quintas-feiras. Instagram @jurandirsell E-mail jurandir@edufinanceira.org.br
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