“O brasileiro sabe o que quer, mas não onde comprar", avalia Luciano Valle, diretor de RI do Méliuz

7 de junho de 2021
Méliuz/Divulgação

Com aquisições, Méliuz quer atuar em todas as pontas da jornada de compra online dos clientes

O e-commerce deve crescer 32% ao final de 2021, tendo como um dos seus principais drivers a adesão ao cashback, segundo relatório da XP Investimentos. A ideia de retornar parte do valor pago por mercadorias tem sido utilizada na estratégia de fidelização de clientes e impulsionado players do setor, como o Méliuz. Com pouco mais de seis meses da sua estreia na B3, as ações (CASH3) da companhia valorizaram mais de 300% desde então, fechando o pregão da última sexta-feira (4) a R$ 37,97. Luciano Valle, diretor de Relações com Investidores do Méliuz, acredita que esse resultado é fruto da estratégia de atuar em todas as pontas da jornada de compra online de um cliente.

“Parece simples, mas não é. Quando um brasileiro resolve utilizar o e-commerce, ele sabe – muitas vezes – o que quer, mas não necessariamente onde comprar. E o processo de busca até a entrega do produto é onde queremos atacar”, afirma Valle. De olho na experiência dos clientes, o Méliuz adquiriu no início de maio a Acesso Bank por R$ 324 milhões. “O nosso planejamento ao realizar esta aquisição foi justamente expandir a forma como nos relacionamos com o usuário”, explica Valle. “Queremos atender, além do marketplace, toda a necessidade financeira deles.”

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A estratégia de negócios da empresa busca ainda surfar novidades e propostas recentes do Banco Central, como o Pix, open banking e a otimização no processo de digitalização de contas, todos serviços que o Méliuz planeja oferecer, além de produtos em seguros e crédito. Valle, no entanto, rejeita o título de banco: “a gente não quer ser visto como um banco tradicional, mas sim, como uma oportunidade inovadora no mercado. Nem que para isso seja necessário fazer outros M&As”, avalia o diretor, sem abrir quantos negócios estão no roadmap de 2021. Em relatório recente, analistas da XP afirmam que o Méliuz tem olhado para aquisições próximas de US$ 1 bilhão.

Outras três aquisições foram realizadas após o IPO da companhia. Duas delas no último mês: a Promobit, por R$ 13 milhões, uma comunidade online de mais de 1 milhão de pessoas que compartilham descontos e recomendam produtos; e o site de comparação de preços, Melhor Plano, por R$ 10 milhões.

O terceiro negócio trata-se da aquisição de 51,2% na Picodi.com, plataforma polonesa de comércio eletrônico, por R$ 120 milhões. “Eles se posicionam como um site de cupom de descontos e ainda não oferecem cashback para os usuários” declarou o CEO da companhia, Israel Salmen, em entrevista à Forbes. “Nós queremos levar o nosso conhecimento sobre o assunto e ajudá-los a implementar o cashback em uma escala maior, como fizemos aqui no Brasil.”

As empresas adquiridas registraram juntas uma receita operacional líquida de R$ 81 milhões em 2020. No último dia 28, o Méliuz fechou um acordo com a Shopee, aplicativo de e-commerce que tem conectado vendedores locais a consumidores em todo o mundo, oferecendo o serviço de cashback aos 16 milhões de usuários da plataforma. Segundo o RankMyApp, a Shopee foi o aplicativo mais baixado por brasileiros no setor de compras em 2020, ficando à frente do Magazine Luiza, Mercado Livre e Lojas Americanas.

O livro das dificuldades para o futuro

Divulgação/Forbes

Luciano Valle, diretor de RI do Méliuz

O Méliuz gerou lucro líquido de apenas R$ 4,1 milhões no primeiro trimestre de 2021, 48,7% a menos que os R$ 6,1 milhões no período do ano passado. O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado também caiu de R$ 9,7 milhões entre janeiro e março de 2020, para R$ 7,6 milhões neste ano. Segundo a empresa, o resultado foi afetado pelas aquisições e contratações.

Os cofundadores da companhia, Israel Salmen e Lucas Marques, afirmam que os altos e baixos são parte do cotidiano do Méliuz e estão registrados em um livro recém lançado sobre as dificuldades enfrentadas nos últimos 10 anos. Em relatório recente, analistas XP reforçaram a avaliação de compra para a ação do Méliuz, com preço-alvo de R$ 48. “Acreditamos que o livro serviu bem para mostrar a tese de que embora a administração seja jovem, ela experimentou uma boa parcela de fracassos em um estágio inicial da empresa, o que acreditamos que ajudará a administração a tomar melhores decisões, tanto o controle de custos, quanto ao números de parceiros”.

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