Ibovespa retorna aos 125 mil pontos com turbulência política em Brasília

1 de julho de 2021

O Ibovespa teve forte queda hoje (1º) e fechou com baixa de 0,90%, a 125.666 pontos. Durante a tarde, o índice chegou à mínima de 124.993 pontos. O mercado reagiu ao risco político relacionado à CPI da Covid-19, que ouviu novos depoentes nesta quinta-feira.

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, encaminhou à PGR (Procuradoria Geral da República) um pedido de investigação contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, referente a um suposto pedido de propina na compra das vacinas contra a Covid-19. O pedido foi noticiado às 11h00, justamente o horário em que o Ibovespa iniciou seu processo de correção mais intenso e mergulhou para os 125 mil pontos, apontam analistas.

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O tom negativo na sessão anulou os números positivos do mercado de trabalho divulgados hoje pelo Caged, com a abertura de 280.666 mil vagas formais de trabalho em maio, marca bem acima das 150 mil vagas esperadas, segundo pesquisa da Reuters. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria brasileira avançou a 56,4 em junho, frente a 53,7 registrado em maio. Trata-se do patamar mais elevado desde fevereiro e bem acima da marca de 50, indicando crescimento.

O Ministério da Economia informou que a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 10,372 bilhões em junho, maior saldo mensal do ano. No mês, as exportações somaram US$ 28,104 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 17,732 bilhões — nos dois casos, um aumento de 61% sobre os fluxos registrados em junho do ano passado.

No semestre, o país registra um superávit comercial de US$ 37,496 bilhões, ante saldo positivo de US$ 22,295 bilhões do mesmo período de 2020. As exportações cresceram 35,8% na comparação pela média diária nos seis primeiros meses do ano, enquanto as importações aumentaram 26,6%.

Já no contexto internacional, o dia foi de novos ganhos. O S&P 500 cravou a sexta máxima recorde consecutiva nesta quinta-feira, impulsionado por dados econômicos positivos. O índice fechou o dia a 4.319 pontos, alta de 0,52%. O governo norte-americano anunciou que o déficit orçamentário do país diminuirá ligeiramente para cerca de US$ 3 trilhões no ano fiscal de 2021, apesar dos maiores gastos com ajuda no combate ao coronavírus.

As bolsas norte-americanas também reagiram à queda nos pedidos de seguro-desemprego. As solicitações caíram para 364 mil, ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 26 de junho, enquanto as demissões despencaram para o menor número em 21 anos, com as empresas segurando seus trabalhadores em meio à escassez de mão de obra.

O Dow Jones e o Nasdaq registraram altas e fecharam o dia com crescimento de 0,38% e 0,13%, a 34.633 e 14.522 pontos, respectivamente.

As ações europeias subiram com um avanço nos preços do petróleo impulsionando o setor de energia em mais de 2%, enquanto fortes balanços ajudaram a dissipar algumas preocupações sobre a variante Delta do coronavírus. O índice FTSEurofirst 300 cresceu 0,61%, a 1.760 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 ganhou 0,62%, a 456 pontos, com as ações de energia marcando seu melhor dia em um mês.

O dólar teve nesta quinta-feira a maior alta em quase seis semanas e fechou acima de R$ 5,00 pela primeira vez em dez dias, a reboque do fortalecimento da divisa no exterior. A moeda é cotada a R$ 5,0448, aumento de 1,45%.

Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital, avaliou que cerca de 20% a 30% do impulso do dólar nesta semana no Brasil decorre da temperatura mais alta do noticiário político.

“As notícias têm feito preço, mas não sabemos se duradouro. […] Quem viu um ‘Joesley Day’ sempre tem um certo medo”, afirmou. Ele se referia ao pânico nos mercados financeiros em 18 de maio de 2017, um dia após virem a público denúncias de Joesley Batista, um dos donos da J&F, envolvendo diretamente o então presidente Michel Temer. (Com Reuters)

 

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