“(Não há) nada direto conosco”, afirmou uma das fontes.
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Por isso, notícias de que Bolsonaro estaria arrependido quanto à autonomia não foram percebidas como surpresa, prosseguiu a fonte, destacando, por outro lado, que não houve pressão quanto ao tema e que a expectativa segue sendo de que o STF (Supremo Tribunal Federal) irá chancelar a autonomia.
Na sexta-feira (20), a agência de notícias Associated Press publicou que Bolsonaro confidenciou a interlocutores ter se arrependido da lei de autonomia, que assinou em fevereiro.
O STF deve julgar nesta quarta a validade da lei, que estabeleceu mandatos fixos para presidente e diretores do BC. Esses mandatos não coincidem com o do presidente da República com o objetivo de resguardar a instituição de ingerência política.
Uma terceira fonte da equipe econômica ponderou que, a despeito dos barulhos políticos – afinal, a autonomia do BC tira da alçada do Planalto qualquer influência sobre a gestão monetária -, a agenda da autonomia integrou as discussões sobre o plano de Bolsonaro para o governo desde antes da campanha eleitoral de 2018.
“Está com momento de muito ruído”, disse a fonte, complementando que dentro da equipe econômica a avaliação é de que a inflação alta deriva em grande parte do aumento nas commodities, sendo também influenciada pelo ritmo mais forte da retomada econômica.
No time do ministro Paulo Guedes, há o sentimento de que a autonomia do BC foi um feito com custo de aprovação política, tentado sem sucesso por governos anteriores, e que não há nenhum sentido em retroceder no status conferido à autarquia.
No Twitter, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, escreveu na sexta-feira que “a relação do governo com o BC é excelente” e “que a autonomia da autoridade monetária é um avanço histórico e irreversível”.
“Parem de inventar fagulhas que não existem. Responsabilidade, por favor. Não existe nenhuma, repito, nenhuma crise entre o presidente Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto”, disse.
O BC tem como principal missão combater a inflação e, nesse sentido, a liberdade para mexer na taxa básica de juros é seu principal instrumento.
Nos 12 meses até julho, a inflação medida pelo IPCA beirou 9%, distante da meta central de 3,75% para este ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para 2022, as expectativas mais recentes apontam para um IPCA de 3,93%, acima da meta central de 3,50%.
O BC já manifestou a intenção aberta de levar a Selic – hoje em 5,25% – para o patamar restritivo, isto é, que atua no sentido de desaquecer a economia. No mercado, a expectativa é de que 2022, ano de eleições presidenciais, comece com a taxa em 7,5%.
Procurados, tanto o BC quanto o Palácio do Planalto não se manifestaram até o momento. (Com Reuters)
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