Lucros das empresas brasileiras disparam no segundo trimestre; Petrobras é destaque

20 de agosto de 2021
Nur-Photo/GettyImages

Projeções para o terceiro trimestre são baseadas em expectativa de maior controle da pandemia e elevação da taxa básica de juros

A temporada de balanços financeiros do segundo trimestre chegou ao fim nesta semana após um período de 31 dias, que começou com os resultados da Neonergia (NEOE3). Segundo especialistas, os números foram em sua grande maioria positivos: cerca de 67% das empresas trouxeram dados em linha ou acima do esperado pelo mercado.

Entre os destaques positivos do período está a Petrobras, que apresentou lucro líquido de R$ 42,8 bilhões entre abril e junho, revertendo prejuízo de R$ 2,71 bilhões registrado no mesmo período de 2020 e superou em 36 vezes o montante dos primeiros três meses do ano (R$ 1,17 bilhão).

Após a divulgação dos números em 4 de agosto, os papéis da companhia (PETR3 e PETR4) reagiram com alta de 7,88% e 9,76%, respectivamente. “O resultado da estatal veio muito acima do consenso olhando para os itens recorrentes, marcado pela forte geração de caixa operacional, redução do endividamento e do anúncio da antecipação de dividendos [R$ 2,40 por ação]”, avalia Felipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos.

Já os estrategistas da XP, Fernando Ferreira e Jennie Li, destacam em relatório os resultados apresentados pela Allied (ALLD3). A companhia informou lucro líquido trimestral recorde de R$ 152,3 milhões, 783,6% maior que os R$ 74,3 milhões arrecadados no ano anterior. O forte desempenho foi fruto dos R$ 78 milhões decorrentes da exclusão do ICMS sobre o cálculo de PIS/COFINS.

Os especialistas comentam que o segundo trimestre foi marcado pela redução dos riscos fiscais, queda nas ocupações dos hospitais, redução no número de óbitos por Covid-19 e avanço na vacinação. O Brasil soma 572 mil mortes e 20,5 milhões de casos de coronavírus, mas 24% da população já foi imunizada com as duas doses, segundo levantamento do Our World In Data.

“Após dados econômicos mais negativos em março, fortemente afetados pelo agravamento da pandemia e consequente adoção de restrições mais rígidas de mobilidade, observamos uma recuperação firme dos principais indicadores de atividade. A reabertura econômica explicou, em grande parte, a recuperação melhor do que o originalmente esperado nos últimos meses”, explicam os analistas.

Segundo estudo da Economática, as companhias listadas na Bolsa brasileira lucraram 1012% a mais neste segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2020. O levantamento desconsidera os resultados da Petrobras e da Vale (VALE3) – US$ 7,5 bilhões entre abril e junho, 662% mais alto que o ano anterior – a fim de evitar distorções na análise.

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A saúde e o varejo na pandemia

Lucas Carvalho, analista da Toro, avalia que o varejo alimentício é o setor com resultados menos atraentes do período. “No começo da pandemia, o surto fez com que apenas os serviços essenciais seguissem com boas operações, tanto que os brasileiros começaram a estocar comida. Hoje, com o avanço da vacinação e a retomada econômica, os números financeiros informados pelas varejistas foram muito abaixo do esperado.”

Entre os exemplos de empresas afetadas pela menor demanda – em relação ao ano anterior – o especialista destaca o Pão de Açúcar (PCAR3), que reportou lucro líquido consolidado de R$ 4 milhões, queda de 95,9% no comparativo anual. O resultado levou a uma correção de mais de 19% no preço dos ativos desde a divulgação do balanço, em 28 de julho.

Outro player com números negativos no período é o Grupo Carrefour (CRFB3), que viu queda de 16,8% no lucro líquido na comparação com o ano anterior, para R$ 592 milhões. Os papéis da rede de supermercados francesa acumulam baixa de 9% nos últimos 30 dias, quando o balanço foi publicado.

Na análise da Genial Investimentos, o destaque negativo do período fica por conta da Qualicorp (QUAL3). A companhia de saúde teve lucro líquido entre abril e junho de R$ 90,3 milhões, queda de 28,4% se comparado com os R$ 126,1 milhões arrecadados no mesmo período de 2020.

“A empresa teve mais um resultado negativo, com as principais linhas [receita, ebitda e lucro] vindo abaixo das expectativas. O principal impacto se deu pelo alto cancelamento de planos de saúde, deixando a meta de crescimento de 40 a 45 mil vidas por mês insuficiente”, destaca Villegas. Após a divulgação dos números, as ações da empresa acumulam variação negativa de 24%.

As difusões sobre o futuro

As projeções para os resultados do terceiro trimestre estão pautadas pela expectativa de maior controle da pandemia e de elevação na taxa básica de juros. Villegas espera que “empresas ligadas às commodities [como Petrobras e Vale] possam ter uma acomodação no crescimento, e que as companhias ligadas à reabertura das economias [varejo, turismo e educação, por exemplo] possam ter um avanço com a aceleração da vacinação.”

Já o analista da Toro acredita que os bancos serão os protagonistas da temporada do terceiro trimestre, que começa em outubro e termina em novembro. “Com o aumento da taxa Selic [que está a 5,25%], o spread bancário pode aumentar e, consequentemente, os resultados devem vir mais fortes”, justifica Carvalho.

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