Esse raciocínio pode parecer simplista, mas neste exemplo estamos considerando a viabilidade econômica, física e pessoal de uma escolha, ou seja, o custo-benefício. No campo das finanças, as escolhas empregam a mesma lógica: “alguém decide aplicar com um grande banco, porque pensa na segurança em detrimento de outras coisas, ou ainda, na conveniência de poder, em qualquer cidade do país, ir a uma agência daquele banco”, explica Mauro Calil, educador financeiro e fundador da Academia do Dinheiro.
No exemplo acima, quem escolhe investir através de um grande banco considerando comodidade, pode ter como consequência a cobrança de taxas mais altas em relação às corretoras, por exemplo.
Esse raciocínio nas finanças é conhecido como custo de oportunidade: para cada escolha feita, várias outras são deixadas de lado. Portanto, as pessoas procuram a opção que possa lhe trazer maior satisfação ao menor custo.
Calculando o custo de oportunidade
Para determinar o custo de oportunidade de um investimento, o mercado tem a sua própria referência, que é o CDI (ou taxa DI). A lógica é: a rentabilidade de 100% do CDI é a referência para todos os outros investimentos.
Um título de renda fixa que renda 100% do CDI, tenha proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e liquidez diária (ou seja, pode ser convertido em dinheiro em até um dia útil) é a nossa referência para a comparação com outras aplicações.
Os títulos 100% do CDI são considerados os mais conservadores no mercado, pois garantem um rendimento mínimo, têm alta segurança e liquidez. Calil explica que qualquer investimento envolve segurança, rentabilidade e liquidez.
Ou seja, ao escolher um investimento, é preciso primeiramente comparar a aplicação financeira com a nossa referência, que é o título base de 100% do CDI nos critérios indicados. E o custo de oportunidade é o quanto você deixa de ganhar no CDI ao escolher outro investimento.
Outras comparações
A comparação entre rentabilidades fica mais complicada ao avaliar investimentos de diferentes classes, como a renda fixa e a renda variável. Já que os riscos de um investimento em ações é maior do que os riscos dos produtos de renda fixa.
Viviane Ferreira, planejadora financeira, recomenda que os ativos sejam comparados a partir de outras referências, dentro do universo da renda variável. “Se eu escolher ter uma carteira de ações e investir nessa carteira, eu posso comparar ela com o custo de oportunidade de investir em um ETF (Exchange Traded Fund) do Ibovespa, por exemplo.”
Viviane explica ainda que uma carteira de ações autoral conta com diferentes componentes comportamentais e emocionais em sua definição e, portanto, seria menos segura. “Se o investidor apostar no rendimento do índice, ele tem uma garantia maior de que aquilo irá render, mas se ele construir sua própria carteira já não é possível fazer essa previsão.”
Nesse caso, o custo de oportunidade é o retorno do Ibovespa.
Vamos pensar da seguinte forma: compare a rentabilidade de uma carteira autoral (em que você escolhe as ações) com a rentabilidade do Ibovespa durante o mesmo período de tempo. Se a carteira autoral render mais, pode ser uma melhor opção do que a segurança de investir no ETF do índice.
Investindo estrategicamente
Saber calcular o custo de oportunidade é um passo importante na formação da própria carteira. Mas entender essa lógica também permite realizar ações estratégicas no mercado, e aproveitar oportunidades de investimento.
Viviane explica que esse cálculo pode ser usado no momento de comprar ou vender um ativo. “O custo de oportunidade é algo que vai nortear o momento de eu tomar mais risco ou não. Se o custo de oportunidade está me dando um retorno bom, talvez não valha a pena eu me arriscar, mas se ele está dando um retorno muito baixo, fica mais fácil a gente se arriscar e procurar um retorno melhor”, explica.
Nesse sentido, se a taxa de juros cresce a 7% a.a., como é esperado pelo Banco Central para o fim de 2021, o custo de oportunidade é mais alto. “O risco de eu não conseguir ter uma rentabilidade melhor do que o custo de oportunidade [que é essa opção mais conservadora que está rendendo 7%] pode ser alto”, conclui.
Portanto, o cálculo do custo de oportunidade de cada ativo varia conforme o valor da taxa básica de juros; ou do CDI, que tem rentabilidade próxima da Selic; ou até mesmo de outras referências, como o Ibovespa para as aplicações de renda variável.
Além disso, é preciso estar atento a mudanças no mercado, sempre avaliando se o custo de determinado ativo ainda compensa quando comparado com a sua referência.
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