TV 3.0: como o Grupo RBS se prepara para a disrupção do conteúdo na era digital

19 de agosto de 2021
Jefferson Botega

À frente do Grupo RBS desde 2017, Claudio Toigo Filho aposta em segmentação e tecnologia para a televisão do futuro

O conteúdo direcionado é uma das muitas revoluções digitais que foram possíveis graças ao advento da internet. Feeds de redes sociais dificilmente são iguais para dois usuários, ainda que eles tenham os mesmos amigos e sigam as mesmas páginas. Claudio Toigo Filho, CEO do Grupo RBS, acredita que essa segmentação também deve chegar à TV aberta.

“A televisão está mudando muito e as mudanças que vêm pela frente são ainda mais disruptivas. No futuro, teremos a TV 2.5 e 3.0, e com ela será possível chegar em residências de forma segmentada”, defende o executivo à frente da rede de comunicação desde 2015.

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Parte deste futuro já pode ser degustado pelos espectadores das SmartTVs, em que os canais de televisão e os conteúdos de streaming e internet se misturam. “A gente enxerga nesse cenário uma oportunidade para as pessoas receberem materiais mais direcionados. É uma oportunidade de fortalecimento do ponto de conexão local com nosso público”, afirma Toigo.

O Grupo RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul (RS), tem como diferencial a produção de conteúdo hiperlocal, estratégia que para o CEO está alinhada com o futuro da segmentação.

A companhia possui 12 emissoras no estado que, além de retransmitir o conteúdo nacional da Rede Globo e o estadual produzido em Porto Alegre, também trabalham com produção própria. “Mesmo na TV aberta, temos espaço de conteúdo hiper-regionalizado. E no futuro vamos poder segmentar ainda mais”, explica. A estratégia da RBS para conquistar mercado neste contexto é resumida em investimentos, digitalização e transformação organizacional.

As mudanças começaram em 2017, quando a empresa abandonou o modelo de divisão das operações entre rádio, televisão e jornal para iniciar um processo de integração. “Parece óbvio, mas nossos negócios deixaram de ser orientados por plataforma e sim pelos clientes”, diz. Ou seja, se antes o pensamento era: “Qual conteúdo posso produzir para o rádio? E para a TV? E para o online?”. A lógica passou a ser: “Qual conteúdo devemos produzir para nossos clientes? Em que canal ele será melhor veiculado?”, explica o executivo.

“Em 2017, isso gerou bastante estranheza, mas hoje vemos que estamos no caminho certo”, comenta o CEO. As mudanças chegarão até o Comitê Executivo da empresa, com a criação de três novas frentes: Estratégia e Transformação; Jornalismo e Esportes e Entretenimento e Canais.

No mesmo ano, o Grupo criou o jornal digital GZH, que atualmente conta com 100 mil assinantes. “A gente enxergou que a partir da criação de um lugar de mais profundidade, que envolvia marca de rádio e de jornal, poderíamos fazer um conteúdo mais denso”, avalia Toigo. Com o GZH, o público já pode customizar as notificações e notícias que deseja receber, com base em seus interesses.

Até 2024, o Grupo RBS planeja investir R$ 70 milhões em modernização dos parques tecnológicos de rádio e televisão e, também, desenvolvimento de produtos para o digital. O montante, segundo o CEO, será destinado para investimentos em infraestrutura. “Estamos investindo para atualizar nossos parques e ter mais agilidade. Nos tempos de hoje, ter mais pontos de conexão também gera oportunidades”.

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Em 2020, o Grupo RBS sofreu com queda nas receitas, assim como outras empresas do setor. Até o momento, em 2021, este valor se recuperou em dois dígitos e a previsão é de que o EBITDA registre crescimento de três dígitos até o final do ano. “Esperamos recuperar os patamares de receita de 2019 em 2022”, diz. Metade dos resultados previstos para este ano foram atingidos já no 1° semestre. “Isso não acontecia desde 2010, superamos o resultado operacional em 22%”.

Um estudo global realizado pela PwC estima que a receita de transmissão para empresas televisivas não irá recuperar os níveis anteriores à pandemia até 2025. No Brasil, a mesma pesquisa aponta que o mercado de Mídia e Entretenimento no Brasil deve crescer em 4,7% e movimentar US$38 bilhões nos próximos quatro anos.

O levantamento analisou 14 segmentos do setor em 53 países. Em 2020, o crescimento do mercado no Brasil foi menor que a média global pela primeira vez. A previsão é de que o país só supere a média mundial novamente a partir de 2023.

Formado em administração de empresas, Claudio Toigo Filho entrou no Grupo RBS em 1994, como trainee. Desde então, geriu eventos, trabalhou como diretor de televisão, passou pela área de business, atuou como vice-presidente de finanças e, atualmente, é CEO do grupo.

“É muito gratificante trabalhar em uma empresa que o que você faz gera impacto positivo para as pessoas com as quais você convive. Eu escolhi a RBS não pelo salário ou pelo plano de carreira, mas pela atividade que até hoje brilha meus olhos”, afirma. Para ele, o desafio dos próximos anos será saber aproveitar as oportunidades a partir das mudanças tecnológicas e de comportamento dos consumidores.

 


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