Após expansão durante pandemia, Tip Top quer abrir mais 40 lojas até o fim de 2022

21 de setembro de 2021
Douglas Moreira

CEO David Bobrow acredita que a velocidade na produção de máscaras de tecido foi um dos fatores fundamentais para a sobrevivência da empresa no último ano

A pandemia do coronavírus trouxe desafios para a grande maioria dos negócios, principalmente para os varejistas. A rede de franquias de roupas para bebês e crianças Tip Top, no entanto, vem nadando na direção contrária. Em 2019, a empresa abriu apenas três novas lojas. Desde o início da crise do novo coronavírus, esse número subiu para 18, sendo quatro inaugurações em 2020, e 14, em 2021. Até o final deste ano, devem ser inauguradas mais 10 unidades e outras 40 até o final de 2022.

David Bobrow, CEO da companhia, afirma que sua primeira ação quando o vírus da Covid-19 chegou ao Brasil, no ano passado, foi ligar para seus franqueados. “Eu acordei um dia e de repente todos os pedidos estavam cancelados e todos os recebimentos, suspensos. Foi assustador. Liguei para cada um individualmente, falei que não estavam sozinhos, e sentei com a minha equipe para decidir o que poderíamos fazer”, relembra.

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Diante da gravidade da situação e das medidas de restrição ao comércio, a Tip Top decidiu adiar por 60 dias o pagamento de todas as duplicatas. Mais tarde, prorrogou novamente esse prazo por um período igual ao que cada loja ficou fechada.

Para Bobrow, um dos fatores fundamentais para a sobrevivência da empresa foi a rapidez com que conseguiu produzir e vender máscaras de tecido. Após receber um pedido de um cliente que precisava do item para trabalhar, e não por causa da pandemia, o CEO decidiu pesquisar o mercado e descobriu que na Finlândia as pessoas já estavam utilizando o equipamento de proteção. À época, o Ministério da Saúde ainda não recomendava o uso, conta ele.

“Comecei a ligar para todo mundo que conhecia, na cara de pau mesmo, oferecendo. Na época, as pessoas nem entendiam, eu tinha que explicar para que servia a máscara”, afirma. Ao todo, desde o início de março de 2020, a Tip Top vendeu 10 milhões de máscaras de tecido para empresas; os itens foram produzidos por cerca de mil costureiras terceirizadas espalhadas pelo país.

Com a implementação das medidas de isolamento social, o e-commerce também foi crucial para a empresa, que faturou R$ 135 milhões em 2019, e R$ 95 milhões em 2020, uma queda de 30%. Para 2021, a previsão de faturamento é de R$ 142 milhões.

A Tip Top estava presente no varejo online desde 2019, mas o canal de vendas foi desenvolvido e melhorado em 2020, conta Bobrow. “Antes, pensávamos que se nós crescêssemos no comércio eletrônico, estaríamos competindo com o nosso franqueado”, explica ele.

Para evitar prejudicar as vendas nas unidades físicas, a Tip Top decidiu incluir seus franqueados na plataforma de ecommerce: ao comprar um produto online, o cliente recebe a peça da unidade que estiver mais próxima. Dessa forma, diz Bobrow, a companhia atua como “sócia do franqueado, não competidora”. Das 125 lojas, 70 já estão integradas ao site.

Outra mudança relevante para a marca foi a abertura de lojas de rua. Até março de 2020, as unidades da Tip Top se concentravam em shoppings. Porém, durante a pandemia, os clientes se sentiram mais confortáveis saindo às ruas do que frequentando lugares fechados, diz o CEO. Bobrow afirma que, ainda que o faturamento dessas unidades seja menor, o negócio continua atrativo, já que os pontos são mais baratos.

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O executivo está na Tip Top desde 1994, quando a companhia ainda era gerenciada pelos seus pais. Ele assumiu o comercial da empresa em 1995, com apenas 21 anos. Para Bobrow, o público alvo é um dos principais diferenciais da marca.

“Os grandes concorrentes do mercado atuam forte com peças de quatro anos para cima, e algumas opções de bebês. A gente faz exatamente o oposto. O nosso DNA é [a moda] bebê, e temos algumas opções de quatro anos para cima”, diz ele. O CEO também acredita que a Tip Top se diferencia por penetrar diferentes classes sociais. “Atendemos o público A, que usa nosso produto no dia a dia, e as classes C e D, que usam em uma festa, por exemplo. Somos muito mais democráticos [que a concorrência]”, diz.

Para os próximos meses, Bobrow afirma que a principal dificuldade será entregar todos os pedidos que a empresa tem. Ele conta que a demanda nos últimos meses começou a crescer, ao passo que materiais começaram a faltar no mercado e fornecedores atrasaram as entregas de tecidos. “O frete de um container que custava US$ 1.000,00 passou a custar US$ 12.000,00. Está faltando matéria-prima em todos os lugares.”

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