“No curto prazo, choques de oferta afetam negativamente atividade e consumo. Adicionalmente, o ciclo de aperto monetário, cujos efeitos devem ser sentidos principalmente em 2022, tende a diminuir o ritmo de fechamento do hiato”, afirmou o BC em seu Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira.
O BC justificou que a revisão para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) este ano repercute o resultado no segundo trimestre ligeiramente acima do esperado e modesta redução da projeção do crescimento no terceiro trimestre.
Já sobre 2022, o BC afirmou que a expectativa é que haja ao longo do ano ritmo de crescimento menor do que no segundo semestre de 2021.
“O hiato do produto em patamar menos negativo, que reduz o espaço para a recuperação cíclica, e o movimento de aperto monetário ora em curso, cujos efeitos ocorrem de maneira defasada, são fatores que contribuem para a desaceleração da taxa de crescimento”, disse.
O BC frisou ainda que o cálculo para o ano que vem possui grau elevado de incerteza, apoiado na continuidade do arrefecimento da crise sanitária com o coronavírus, diminuição gradual dos níveis de incerteza econômica ao longo do tempo, manutenção do regime fiscal e ausência de restrições diretas ao consumo de eletricidade.
Economistas preveem, segundo boletim Focus mais recente, que a economia crescerá 5,04% em 2021 e 1,57% no ano que vem. Já o Ministério da Economia projeta expansão de 5,3% para o PIB este ano e de 2,5% para o próximo.
Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a intenção de subir a Selic novamente em 1 ponto percentual na reunião de outubro, mirando levar a taxa básica de juros para território contracionista para conter a inflação. Atualmente a taxa básica está em 6,25% ao ano.
Inflação
“Em relação aos preços administrados, a surpresa com a alta dos preços dos derivados de petróleo e energia elétrica mais do que compensou a surpresa com o recuo nos preços de medicamentos e com o tamanho da queda nas tarifas de plano de saúde”, informou.
Para os 12 meses até novembro, o BC prevê alta do IPCA de 9,22%, o que representará uma desaceleração frente ao avanço de 9,68% no acumulado até agosto. No documento, o BC avaliou que a pressão sobre os preços deve continuar se revelando “intensa e disseminada”.
“O choque sobre preços de bens industriais não deve se dissipar no curto prazo, como sugerem indicadores recentes de preços ao produtor e a continuidade dos gargalos nas cadeias de produção que afetam alguns segmentos”, afirmou.
De acordo com o BC, deve haver alta “significativa” em preços de alimentos e preços administrados, com destaque para o forte aumento nas tarifas de energia em função do acionamento da bandeira tarifária de escassez hídrica.
As contas do BC são de IPCA em 8,5% neste ano, ante meta central de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto. O BC reconheceu que a chance de a inflação ultrapassar o limite da meta em 2021 é de 100%, sobre 74% no relatório de junho.
Para 2021 e 2022, as projeções da autoridade monetária são de IPCA em 3,7% e 3,2%, contra metas de 3,5% e 3,25%, respectivamente, sempre com banda de 1,5 ponto para mais ou para menos. (com Reuters)
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