Ibovespa fecha em baixa de 3,78%; ações de varejo e bancos são destaques negativos

8 de setembro de 2021

O Ibovespa fechou hoje (8) em queda de 3,78%, a 113.412 pontos, após uma sessão pautada pela crise político-institucional que se intensificou após as manifestações do Dia da Independência. Protestos pontuais de caminhoneiros em Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, alguns com bloqueios do tráfego das rodovias, também agitaram a Bolsa.

“O mercado já vinha, há algum tempo, precificando uma piora da relação entre os poderes, mas foi surpreendido pelo tom do presidente Jair Bolsonaro, que foi mais duro que o esperado”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group. “Algo positivo que pode sair [dessa conjuntura] é a reforma tributária não ser aprovada no Senado. O texto, como está, diminui o crescimento potencial do Brasil, portanto afeta as classes mais baixas que precisam de emprego, além de afastar investimentos”, afirma ele.

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As ações da Vale (VALE3), que têm o maior peso (14,2%) na nova carteira teórica do Ibovespa, encerraram o dia com recuo de 2,08% sob o impacto da queda de 1,9% de seu ADR na véspera em Nova York, refletindo a fraqueza dos preços do minério de ferro no exterior. Os papéis de bancos, que também têm participação significativa no índice, registraram quedas maiores. Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) registraram baixas de 4,74%, 4,95% e 5,76%, respectivamente.

O cenário de aversão ao risco e a perspectiva da alta de juros, impulsionada pelo crescimento da inflação, prejudicaram as varejistas neste pregão. A Lojas Americanas (LAME4) teve queda de 8,55%; a Via, antiga Via Varejo (VIIA3), recuou 9,35%; e o Magazine Luiza (MGLU3) caiu 3,54%.

Na contramão da Bolsa brasileira, as ações da Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3) dispararam e subiram 8,17% e 7,31%, respectivamente. O movimento ocorreu após a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recomendar a fusão das duas companhias com a adoção de remédios que mitiguem riscos concorrenciais, que analistas consideraram mais brandos do que o esperado.

Os principais índices de Nova York também fecharam o dia no vermelho, embora com quedas menores do que a do Ibovespa. O Dow Jones recuou 0,20%, a 35.031 pontos; o S&P 500 caiu 0,13%, a 4.514 pontos; e o Nasdaq registrou baixa de 0,57%, a 15.286 pontos.

A Apple (AAPL) e o Facebook (FB) caíram depois de terem ajudado a empurrar o Nasdaq a níveis recordes de alta na sessão de terça. As quedas nesses dois gigantes do Vale do Silício contribuíram mais do que qualquer outra empresa para o declínio do S&P 500 de hoje.

A edição do Livro Bege do Federal Reserve publicada nesta quarta mostrou que a economia dos Estados Unidos desacelerou em agosto à medida que aumentaram as preocupações sobre como o novo surto de casos de coronavírus afetaria a recuperação econômica.

As ações norte-americanas ficaram sob pressão nos últimos dias, com os investidores mostrando maior cautela após dados fracos de criação de vagas de trabalho nos EUA em agosto, bem como incertezas sobre a redução dos estímulos monetários do Fed.

A pesquisa mensal Jolts, do Departamento do Trabalho, divulgada nesta quarta-feira mostrou que as vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos atingiram um novo recorde em julho, enquanto as demissões aumentaram moderadamente, sugerindo que a forte desaceleração nas contratações no mês passado foi devido à dificuldade de empregadores para encontrar trabalhadores, e não por fraca demanda por mão de obra.

As vagas não preenchidas, um indicador da demanda por trabalho nos EUA, aumentaram em 749 mil, chegando a 10,9 milhões no último dia de julho. Economistas consultados pela Reuters previam 10 milhões. O amplo aumento de julho foi liderado pelos setores de saúde e assistência social, finanças e seguros, e hospedagem e serviços alimentícios.

O dólar fechou o dia em alta de 2,93%, a R$ 5,3276 na venda. “Apesar de as moedas emergentes apresentarem uma ligeira alta, o real é o destaque negativo. A sensação de piora da crise institucional deve continuar aumentando tanto a volatilidade, quanto a aversão ao risco no Brasil, e isso pode pressionar ainda mais a nossa moeda”, diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. (Com Reuters)

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